Ser imortal significa viver depois da morte. &Eacute; uma esp&eacute;cie de vida intermin&aacute;vel, eterna, infinita no tempo, imperec&iacute;vel e inconcebivelmente vasta e duradoura. Lembra a pessoa cuja vida ou obra foi t&atilde;o significativa que perdura por toda a eternidade. Transcende a efemeridade e a passagem do tempo, significando que durante o ciclo em que se viveu, a vida teve sentido. &nbsp;Segundo Kafka, &ldquo;o sentido da vida &eacute; que ela termina&rdquo;. Mesmo assim, &eacute; valiosa, principalmente quando se vive priorizando valores, sentimentos, rela&ccedil;&otilde;es humanas e crescimento pessoal, enfrentando todas as incertezas e sofrimentos. E quando se nasce her&oacute;i, a vida -curta ou longa-, &eacute; mais valiosa e grata; valeu pelos momentos vividos.
 A vida do Tenente Aviador Frederico Gustavo dos Santos, do Primeiro Grupo de Avia&ccedil;&atilde;o de Ca&ccedil;a (1&ordm; GAVCA da For&ccedil;a A&eacute;rea Brasileira (FAB), durou exatamente 20 anos. Foi breve, mas heroica. Morreu em combate na Segunda Guerra Mundial, em Casarsa, It&aacute;lia, uma comuna localizada na prov&iacute;ncia de Pordenone, regi&atilde;o do Friuli-Venezia Giulia. Essa cidade &eacute; conhecida por ser o local onde o famoso cineasta Pier Paolo Pasolini passou parte da sua inf&acirc;ncia e juventude; e onde est&aacute; sepultado.&nbsp;
 Natural de Salvador, Santos (nome de guerra no jarg&atilde;o militar), nasceu em 09/10/1925. Ainda jovem demonstrou sua voca&ccedil;&atilde;o como piloto da avia&ccedil;&atilde;o, ingressando na carreira militar com coragem e patriotismo. Ap&oacute;s concluir sua forma&ccedil;&atilde;o nos Estados Unidos, apresentou-se ao Primeiro Grupo de Avia&ccedil;&atilde;o de Ca&ccedil;a, em Pisa, na It&aacute;lia, no dia 4 de dezembro de 1944, integrando o seleto grupo de brasileiros que lutaram durante a Segunda Guerra Mundial. Morreu no dia 13 de abril de 1945, quando cumpria sua 44&ordf; miss&atilde;o de combate, deixando um legado de bravura e sacrif&iacute;cio. Filho de Jo&atilde;o Gustavo dos Santos Filho (destacado m&eacute;dico da sociedade baiana) e de Mathilde Louisa Witte dos Santos, de descend&ecirc;ncia alem&atilde;, exerceu a fun&ccedil;&atilde;o de Piloto de Combate da Esquadrilha Azul. Realizou 44 miss&otilde;es, a primeira em 15/01/1945, e a &uacute;ltima em 13/04/1945. Apresentou-se em Pisa em 25/12/1944, vindo diretamente do centro de treinamento nos EUA. Faleceu em combate pr&oacute;ximo a Spilimbergo, 25 Km a oeste de Udine, quando seu avi&atilde;o foi atingido pela explos&atilde;o do dep&oacute;sito de muni&ccedil;&atilde;o que atacara, por volta das 09h15 de 13/04/1945. Conseguiu saltar da aeronave, mas, sem altura suficiente, morreu no choque contra o solo.
 Apesar de ter vivido apenas 20 anos, tornou-se um her&oacute;i de guerra e imortal. Recebeu in&uacute;meras homenagens, entre as quais as quais a Medalha Campanha da It&aacute;lia, Cruz de Avia&ccedil;&atilde;o Fita A, Distinguished Flying Cross (EUA), Air Medal (EUA) e Presidential Unit Citation (EUA). Seus restos mortais est&atilde;o sepultados no mausol&eacute;u do Monumento aos Mortos da Segunda Guerra Mundial, no Aterro do Flamengo, Rio de Janeiro. Na It&aacute;lia foi homenageado este ano durante uma cerim&ocirc;nia marcada pela execu&ccedil;&atilde;o dos hinos nacionais do Brasil e da It&aacute;lia, com a entrega de uma placa comemorativa em honra de sua pessoa e um emocionante momento de sil&ecirc;ncio, acompanhado pelo toque de corneta que evidenciou o respeito e a admira&ccedil;&atilde;o pelo sacrif&iacute;cio desse her&oacute;i brasileiro. Entre as autoridades presentes estavam o deputado italiano Emanuele Loperfido, o representante da Prefeitura de Spilimbergo, Davide Lauretano, o comandante do 32&ordm; Regimento de Carros de Combate do Ex&eacute;rcito Italiano, Coronel Federico Maddaluno, o comandante do Dep&oacute;sito de Muni&ccedil;&otilde;es de Spilimbergo, Tenente-Coronel Paolo Sciaudone e o Adido de Defesa e Aeron&aacute;utica do Brasil na It&aacute;lia, Coronel Aviador Ricardo Da Cas.
 Segundo Lauretano, o tenente Santos foi &ldquo;Um her&oacute;i brasileiro de 20 anos, s&iacute;mbolo de liberdade, democracia e coragem. Seu sacrif&iacute;cio jamais ser&aacute; esquecido, e sua mem&oacute;ria viver&aacute; para sempre em nossos cora&ccedil;&otilde;es. Acredito que &eacute; dever de todos n&oacute;s, tamb&eacute;m gra&ccedil;as a comemora&ccedil;&otilde;es como a de hoje, transmitir, educar e ensinar &agrave;s futuras gera&ccedil;&otilde;es esses valores de liberdade, respeito e humanidade, conquistados at&eacute; com sangue. Conquistas que nos permitiram vivenciar um longo per&iacute;odo de paz, desenvolvimento e bem-estar sem precedentes&rdquo;. &nbsp;Nosso her&oacute;i ser&aacute; tamb&eacute;m lembrado em um busto de bronze esculpido pela Brasil Sculptures I Toco Dias, de Sorocaba-SP, encomendado pelo empres&aacute;rio baiano Nelson Taboada. A mem&oacute;ria desse her&oacute;i, que com coragem e abnega&ccedil;&atilde;o sacrificou sua vida para que possamos sonhar com o amanhecer, viver&aacute; eternamente em nossos cora&ccedil;&otilde;es e nos anais da sua gloriosa FAB, asas que protegem o Brasil em qualquer parte do mundo.
 Luiz Holanda &eacute; advogado e professor universit&aacute;rio