O julgamento do caso que investiga a morte da líder quilombola Maria Bernadete Pacífico, conhecida como Mãe Bernadete, foi transferido da Comarca de Simões Filho, na região metropolitana, para a Comarca de Salvador. A decisão aconteceu, nesta terça-feira (14), por parte da 1ª Turma da Primeira Câmara Criminal do Tribunal de Justiça da Bahia (TJBA).

A mudança foi solicitada pelo Juízo de Direito da 1ª Vara Criminal de Simões Filho, justificado no risco de parcialidade dos jurados, segundo informações divulgadas pelo BNews.

Ivone Bessa Ramos, desembargadora e relatora do caso, apresentou uma análise detalhada. A ialorixá foi executada com mais de 25 tiros dentro de casa, no Quilombo Pitanga dos Palmares, no dia 17 de agosto de 2023, na frente de crianças, incluindo dois netos da ialorixá.

Ativismo e repercussão internacional

A decisão do TJBA considera a repercussão do crime. Além de líder quilombola, Mãe Bernadete estava à frente da Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (CONAQ), ex secretária de Políticas de Promoção da Igualdade Racial de Simões Filho e era ativista.

A Polícia Civil apontou que a causa do crime foi motivada pela postura ativa da líder contra a tentativa de expansão do tráfico de drogas no entorno.

O caso ganhou repercussão global quando o neto de Mãe Bernadete, Wellinton Santos Pacífico, que presenciou o crime, discursou na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, em outubro de 2024. Na ocasião, o neto da ialorixá pediu ajuda internacional em prol da segurança aos povos quilombolas.