O ex-zagueiro Edcarlos, campeão da Libertadores e do Mundial pelo São Paulo, afirmou que a base do futebol brasileiro ainda carece de um acompanhamento mais humano. Durante participação no Portal Esfera no Rádio, o ex-atleta destacou que a relação entre empresários e jovens jogadores precisa evoluir para além de metas e desempenho imediato.

Segundo ele, o agente esportivo deve enxergar o jovem atleta como indivíduo e não apenas como ativo financeiro. Nas palavras do ex-zagueiro, muitos empresários reproduzem a lógica fria dos clubes. ,

“O agente começa a ver o atleta da mesma forma que a instituição vê, só avaliando se está rendendo. Falta entender por que ele não está bem, por que não está se adaptando, falta se colocar no lugar dele”, disse.

Ao comentar sobre os atletas que acompanha atualmente por meio da DC Agenciamento Esportivo, Edcarlos contou que busca atuar com mais diálogo e apoio emocional.

“Tenho conversado bastante com os meninos, porque vivi tudo isso. O futebol pode mudar em vários aspectos, mas o lado extra sempre vai pesar, principalmente para quem vem de realidades mais difíceis”, explicou.

Pressão precoce

Em outro momento, Edcarlos criticou a responsabilidade exagerada atribuída a adolescentes que iniciam na base. Ele ressaltou que muitos veem o futebol como uma saída familiar e carregam uma carga emocional desproporcional.

O ex-zagueiro reforçou que o processo precisa ser mais leve para os jovens. “A gente passa para o atleta que ele não é a solução da família. Um menino de quinze anos não tem que pensar em mudar a vida de todo mundo. As coisas vão acontecer no tempo delas”, afirmou.

Ele também destacou que a DC Agenciamento Esportivo está estruturando uma rede de apoio psicológico para os atletas, reconhecendo que a experiência pessoal não substitui o trabalho especializado. Edcarlos defendeu acompanhamento profissional contínuo para preparar os jovens diante das pressões do esporte.

Transição para o agenciamento

Embora não tenha seguido a carreira de treinador, o ex-zagueiro contou que viveu intensamente seus 20 anos como profissional. Ele mencionou as passagens por grandes competições e celebrou o fato de ter conquistado tudo o que disputou.

Edcarlos afirmou que a escolha por não ir para a beira do campo foi motivada por uma decisão familiar. Ele lembrou que a rotina de treinador é mais instável que a de jogador e envolve mudanças constantes de cidade, algo que já havia vivido intensamente ao longo da carreira.

Hoje, com a empresa estruturada na Bahia, Edcarlos garantiu que está em um novo ciclo. Segundo ele, o foco é desenvolver talentos locais, com apoio psicológico e acompanhamento próximo. O ex-zagueiro divide o comando da empresa com o sócio Marcos, também ex-atleta.