Imagina o mundo sem música? Essa é a realidade de pessoas que não gostam de música. De acordo com um estudo realizado pela Universidade de Barcelona, na Espanha, identificou como agem os mecanismos cerebrais por trás da condição chamada anedonia musical que afeta indivíduos com uma audição normal. Mesmo conseguindo perceber e processar melodias, eles não sentem nenhum prazer ao ouvir canções.

Esse efeito ocorre devido à desconexão entre duas redes do cérebro, ou seja, a auditiva responsável pelo processo de sons e melodias e o circuito de recompensas, que gera sensações de prazer e motivação. Para pesquisa publicada na última semana de agosto deste ano pela revista científica Trends in Cognitive Sciences.

Para o especialista da matéria, Josep Marco-Pallarés ao investigar esses circuitos, pode abrir caminho para novas pesquisas sobre diferenças individuais e transtornos relacionados à recompensa, como anedonia, vício ou transtornos alimentares.

Sobre a pesquisa 

No decorrer da análise, o autor mostra que desenvolveu um questionário para medir o quanto é interessante para uma pessoa, considerava a música e avaliava cinco dimensões distintas: a emoção, regulação do humor, conexões sociais, movimento e dança e busca por novidade. Assim, cada indivíduo demonstrava suas sensações, contudo, para os que possuíam as condições musicais, tiveram pontuações baixas em todos os aspectos.

Estudos sobre anedonia musical mostram que a condição está ligada a uma desconexão entre as regiões cerebrais. Exames de imagem indicam que pessoas com essa condição apresentam uma atividade reduzida no circuito de recompensa especificamente em relação à música, mas mantêm um nível normal de resposta a outros estímulos, como ganhar dinheiro. Isso sugere que o circuito de recompensa em si está intacto, mas a ligação com o prazer musical é que é afetada.

As causas exatas da anedonia musical ainda não são totalmente conhecidas, mas fatores genéticos e ambientais são considerados possíveis contribuintes. Uma pesquisa com gêmeos, por exemplo, sugere que até 54% da apreciação musical pode ser determinada geneticamente.

A anedonia musical pode abrir portas para novas pesquisas sobre condições semelhantes causadas por falta de conectividade cerebral. Atualmente, cientistas trabalham com geneticistas para investigar a possibilidade de reverter esse quadro.