Em um cenário alarmante de crescimento da violência sexual no Brasil, o Hospital da Mulher, em Salvador, intensifica durante o Agosto Lilás as ações de combate e conscientização sobre agressões contra mulheres e meninas. A mobilização ocorre em meio à divulgação de dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2025, que revelam um número recorde de 87.545 casos de estupro e estupro de vulnerável (menores de 14 anos) registrados no país apenas em 2024 — o maior desde o início da série histórica, em 2011.

Para enfrentar essa realidade, a unidade de saúde destaca a atuação do Serviço de Atendimento a Mulheres que foram Expostas à Violência Sexual (Serviço AME), que funciona 24 horas por dia, todos os dias da semana, oferecendo acolhimento humanizado e atendimento especializado.

“Nosso papel vai além da assistência imediata. Atuamos com uma equipe multiprofissional preparada para garantir acolhimento humanizado, sempre respeitando a autonomia e os direitos dessas pacientes”, afirma a diretora médica e coordenadora do AME, Jamile Martins. “O AME existe para garantir que nenhuma mulher esteja sozinha após uma violência, e seguiremos firmes no compromisso de cuidar, proteger e transformar essa realidade demonstrada pelos dados do Anuário de Segurança Pública.”

Localizado no Largo de Roma, o serviço é destinado a mulheres, meninas a partir de 12 anos e pessoas trans, oferecendo suporte com ginecologistas, psicólogas, assistentes sociais, enfermeiras e assessoria jurídica. O atendimento inclui exames laboratoriais, profilaxia para HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), contracepção de emergência e cuidados médicos específicos.

A chegada ao serviço pode ser feita por demanda espontânea ou por encaminhamentos de instituições como o Instituto Médico Legal (IML), delegacias especializadas, Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), Samu, Justiça ou pela Central Estadual de Regulação. Não é necessário apresentar Boletim de Ocorrência para ser atendida.

Desde sua inauguração, em 2017, o Serviço AME já realizou mais de 1.500 atendimentos.

Durante todo o mês de agosto, o Hospital da Mulher irá promover rodas de conversa, distribuição de informativos e ações externas em parceria com a Rede de Enfrentamento à Violência contra a Mulher, com o objetivo de ampliar a informação e o acesso aos serviços.

A mobilização integra a campanha Agosto Lilás, criada para marcar o enfrentamento à violência de gênero e reforçar a Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006), que reconhece cinco formas de violência contra a mulher: física, psicológica, sexual, moral e patrimonial. A violência sexual, segundo a legislação, ocorre quando há qualquer ato ou contato sexual imposto sem consentimento, com ou sem uso de força, ameaça, chantagem, coerção ou manipulação.