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Juiz descobre fraude em bolsa de medicina após analisar redes sociais

Gabriella Andrade é acusada de mentir sobre situação financeira

Por: Iago Bacelar

25/07/202517:30Atualizado

Uma estudante de medicina da UniEVANGÉLICA, identificada como Gabriella Andrade Viegas de Arruda, está sendo investigada por irregularidades na concessão da bolsa integral do Programa GraduAção. A apuração foi conduzida pelo juiz Gabriel Lisboa, da Vara da Fazenda Pública Municipal de Anápolis, após a análise de informações públicas disponíveis na internet e em redes sociais.

Juiz descobre fraude em bolsa de medicina após analisar redes sociais
Foto: Reprodução/TikTok @gabiandradev

Renda declarada não condiz com realidade da família

No processo de matrícula, Gabriella afirmou que vive apenas com os avós maternos, cuja renda seria de três salários mínimos. No entanto, a investigação do magistrado revelou que a advogada responsável pelo processo, Priscilla Silva de Andrade, é mãe da estudante. Priscilla atua como advogada e também é servidora pública estadual, com rendimentos de aproximadamente R$ 8.496,10 por mês, valor que sozinho já supera a renda declarada.

Além disso, foi identificado que Priscilla possui uma empresa registrada no mesmo endereço em que a estudante reside. Essa coincidência sugere a existência de renda extra não declarada, levantando dúvidas sobre a alegação de que Gabriella vive apenas com os avós.

Pai e avô também foram investigados

O juiz também verificou informações sobre o pai de Gabriella, Tiago Viegas de Arruda, que é sócio da empresa Viegas e Oliveira – Empreendimentos Imobiliários LTDA, conhecida como Duetto Imóveis. Ele já ocupou um cargo de confiança no Instituto de Seguridade Social dos Servidores Municipais de Anápolis (ISSA) durante a gestão do ex-prefeito Roberto Naves.

As investigações se estenderam ao avô materno, Marcos Valin de Andrade, com quem Gabriella dizia viver. O magistrado constatou que ele é sócio-administrador da MVA Prestadora de Serviços Ltda, empresa com capital social de R$ 100 mil. A sede da empresa fica no mesmo endereço da residência da estudante e da empresa de sua mãe, indicando uma concentração de negócios da família.

Indícios de vida de alto padrão

As redes sociais da estudante foram fundamentais para a apuração. Em vídeos publicados no TikTok, Gabriella aparece em viagens internacionais e ostenta um Apple Watch avaliado em cerca de R$ 3 mil. O estilo de vida registrado nas postagens contrasta com a condição de baixa renda apresentada no processo.

Programa GraduAção e decisão judicial

Apesar de ser garantido por lei municipal, o Programa GraduAção não concede direito adquirido ao beneficiário, permitindo que o gestor responsável suspenda ou encerre a bolsa se houver irregularidades. O juiz Gabriel Lisboa destacou que a manutenção da bolsa depende da veracidade das informações apresentadas no momento da inscrição.

Encaminhamento ao Ministério Público

Com base nas informações levantadas, o magistrado determinou que o caso seja enviado ao Ministério Público de Goiás (MPGO). O objetivo é que o órgão investigue a conduta da estudante e de seus familiares, cruzando os dados com a Receita Federal para confirmar a real situação financeira.