O Tribunal Regional Eleitoral de Roraima (TRE-RR) suspendeu por tempo indeterminado a investigação contra o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Samir Xaud, iniciada pela Operação Caixa Preta. A liminar foi concedida nesta quinta-feira (31), um dia após o dirigente ter sido alvo da operação da Polícia Federal, que apura supostos crimes eleitorais no estado.

Na decisão, o vice-presidente do TRE-RR apontou que não há indícios suficientes que justifiquem a inclusão de Xaud na investigação. Segundo a liminar, "não restaram demonstrados elementos concretos de autoria e materialidade delitiva capazes de associar a participação do paciente na prática de crime eleitoral", conforme trecho citado no documento. O magistrado também considerou que houve "grave constrangimento ilegal na decretação de busca e apreensão" e destacou a "desproporcionalidade da medida".

A operação havia autorizado buscas na sede da CBF, no Rio de Janeiro, na última quarta-feira (30). O nome de Samir Xaud foi incluído entre os alvos após aparecer em uma gravação feita pela polícia. No entanto, o próprio Ministério Público já havia se manifestado contra a inclusão do dirigente na ação. A decisão liminar do TRE-RR agora suspende qualquer apuração até nova deliberação judicial.

Suposta compra de votos é alvo principal da investigação

A Operação Caixa Preta investiga a possível compra de votos nas eleições em Roraima, tendo como principais alvos a deputada federal Helena Lima e seu marido. Samir Xaud entrou na mira dos investigadores por ser o suplente da deputada. Seu nome foi mencionado em uma conversa interceptada pela polícia, o que motivou a inclusão no inquérito e os mandados de busca.

A defesa de Xaud sustentou que não havia vínculo direto entre o presidente da CBF e os crimes investigados. O TRE concordou com esse argumento, alegando que não foram apresentados elementos mínimos que justificassem a ação da Polícia Federal contra ele.

Presidente da CBF reage com nota oficial

Após a decisão judicial, Samir Xaud se pronunciou por meio de nota oficial. O presidente da CBF classificou a situação como injusta e criticou a repercussão pública do caso. Ele declarou que, mesmo diante da exposição, seguiu focado em sua atuação à frente da entidade esportiva.

"Sei de onde eu vim, sei quem eu sou e mantive a tranquilidade nos últimos dias, apesar da injustiça cometida e da grave exposição negativa da minha imagem", afirmou. Segundo ele, a prioridade é seguir trabalhando com "foco, fé e honestidade em prol do futebol brasileiro".

Em nota institucional, a CBF reforçou que o TRE-RR suspendeu as investigações e destacou que não houve comprovação de envolvimento de Samir Xaud nos crimes apurados. A entidade também reproduziu os trechos da liminar que apontam falta de provas, ilegalidade e excesso na medida judicial adotada contra o presidente.

Com a decisão, o caso envolvendo o presidente da CBF será interrompido até nova análise judicial. A Operação Caixa Preta, no entanto, segue em andamento, com foco nos demais investigados.