A ação, batizada de Operação Caixa Preta, ocorreu em Roraima e no Rio de Janeiro. Os agentes da PF estiveram na residência de Samir Xaud e na sede da CBF, localizada na capital fluminense. Além dos três nomes centrais, o superintendente do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) em Roraima, Igo Brasil, também foi alvo da operação, que cumpriu um total de sete mandados judiciais.
A Justiça determinou o bloqueio de R$ 10 milhões nas contas dos investigados. A investigação teve início em setembro de 2024, após Renildo Lima ser flagrado com R$ 500 mil em espécie durante o período eleitoral. Parte do montante estava escondida na cueca do empresário, conforme informações da própria PF.
Samir Xaud nega envolvimento e CBF se manifesta
Em nota oficial, a CBF confirmou a presença de agentes federais em sua sede entre 6h24 e 6h52. A entidade afirmou que a ação foi um desdobramento de investigação determinada pela Justiça Eleitoral de Roraima.
"É importante ressaltar que a operação não tem qualquer relação com a CBF ou futebol brasileiro e que o presidente da entidade, Samir Xaud, não é o centro das apurações", afirmou a confederação.
A CBF declarou ainda que nenhum equipamento ou material foi apreendido e que Samir Xaud se mantém à disposição das autoridades. A defesa do dirigente, da deputada e do empresário foi procurada, mas não respondeu até a última atualização da reportagem.
Quem são os investigados
Samir Xaud, atual presidente da CBF, nasceu em Boa Vista, tem 41 anos e é médico de formação. Foi eleito em maio deste ano como o mais jovem presidente da história da entidade. É sua primeira experiência em um cargo de gestão esportiva. Em 2022, chegou a disputar uma vaga na Câmara dos Deputados pelo MDB, mas não foi eleito.
O dirigente faz parte de uma família com histórico no futebol: seu pai, Zeca Xaud, comanda a Federação Roraimense de Futebol desde 1975, apenas um ano após a fundação da entidade estadual.
Perfil da deputada e da empresa investigada
A deputada federal Maria Helena Teixeira Lima, conhecida como Helena da Asatur, tem 48 anos, nasceu no Tocantins, mas cresceu em São João da Baliza, no sul de Roraima. Está em seu primeiro mandato como parlamentar e foi a única mulher eleita pelo estado em 2022, com 15.848 votos, sendo a segunda mais votada na eleição.
Formada em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Roraima (UFRR), Helena também é uma das principais empresárias do setor de transporte no estado. Declarou R$ 10 milhões em bens à Justiça Eleitoral no último pleito.
Asatur e Voare são parte do império familiar
A Asatur, empresa da família de Helena, foi fundada em 2001 e é considerada uma das mais tradicionais do ramo em Roraima. Atua na rota entre Boa Vista e Manaus, pela BR-174, e presta serviços de fretamento e locação de veículos. A companhia tem 10 agências distribuídas pela capital e interior do estado, segundo informações publicadas no próprio site.
Avaliada em R$ 11,1 milhões, a Asatur tem como sócios majoritários o empresário Renildo Lima e uma filha do casal. Além disso, a família é dona da Voare Táxi Aéreo, considerada a única empresa privada do ramo em Roraima.
A empresa-irmã Asatur Turismo também faz parte do grupo familiar, ampliando a atuação do conglomerado em diferentes frentes do setor de transporte.
MDB é elo político entre os envolvidos
Samir Xaud e Helena da Asatur fazem parte do MDB e integram o mesmo grupo político no estado. A presença dos dois entre os alvos da investigação reforça os questionamentos sobre possíveis conexões entre negócios familiares e campanhas eleitorais em Roraima.
As investigações seguem em curso, com a possibilidade de novas medidas judiciais nas próximas fases da Operação Caixa Preta.