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Comunidade quilombola lembra Mãe Bernadete e reforça luta por justiça

Homenagens em Simões Filho reúnem familiares e comunidade quilombola

Por: Iago Bacelar

18/08/202516:00

Há dois anos, a líder quilombola Maria Bernadete Pacífico, conhecida como Mãe Bernadete, foi assassinada em sua casa, na comunidade de Pitanga dos Palmares, em Simões Filho (BA). Neste domingo (17), moradores e familiares se reuniram para prestar homenagens e reforçar os pedidos por justiça.

Comunidade quilombola lembra Mãe Bernadete e reforça luta por justiça
Foto: Reprodução/Conaq

A programação começou com um café quilombola e seguiu com uma missa, encerrando com a Roda de Oxumaré, orixá de devoção de Mãe Bernadete. O ato simbólico buscou manter vivo o legado da liderança, que atuava na defesa dos quilombos e das terras da comunidade.

Dor e resistência da família

Filho da líder, Jurandir Wellington Pacífico destacou o peso da perda e a dificuldade em lidar com a ausência da mãe.

“Não é fácil. Eu só quero dizer que não é fácil estar nesse lugar, não é fácil não conseguir dormir todos os dias”, afirmou.

Jurandir relembrou ainda a violência sofrida pela família antes do crime. Seu irmão, Flávio Gabriel Pacífico dos Santos, o Binho do Quilombo, foi assassinado a tiros em 2017, próximo de casa. Desde então, Mãe Bernadete atuava em busca de justiça pela morte do filho.

Durante o tributo, Jurandir reafirmou o compromisso de seguir o trabalho iniciado pela mãe.

“Eu fiz um juramento. Minha mãe morta com 25 tiros. Vou largar tudo que tenho, toda minha vida acadêmica, para continuar seu legado”, disse.

Atuação de Mãe Bernadete

Mãe Bernadete era coordenadora nacional de articulação de quilombos e liderava o quilombo Pitanga dos Palmares. Ela denunciava a ação de madeireiros e traficantes de drogas em áreas de proteção ambiental, o que a expôs a constantes ameaças.

Somente em 2024, após sua morte, as terras do quilombo foram reconhecidas oficialmente pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

Denunciados pelo crime

O assassinato de Mãe Bernadete ocorreu em 17 de agosto de 2023, quando ela foi executada a tiros dentro de sua casa. O crime mobilizou organizações de direitos humanos e movimentos sociais em todo o país.

Até agora, cinco pessoas foram denunciadas pelo Ministério Público por envolvimento no caso. O julgamento será realizado por júri popular, mas ainda não há data definida.