O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou processar a BBC em US$ 1 bilhão (R$ 5,3 bilhões) após a emissora britânica admitir ter exibido, em um documentário, uma edição considerada enganosa de um discurso dele feito em 6 de janeiro de 2021, data marcada pela invasão ao Capitólio.

O episódio levou a demissão de dois jornalistas e a um pedido público de desculpas da própria BBC, divulgado nesta segunda-feira (10).

A polêmica envolve o programa Panorama, exibido uma semana antes das eleições presidenciais de 2024. O documentário mostrava um trecho editado do discurso de Trump, criando a impressão de que ele teria incentivado diretamente os apoiadores a agir de forma violenta.

Na fala original, Trump disse: “Vamos caminhar até o Capitólio e vamos aplaudir nossos bravos senadores e congressistas.”

No entanto, o documentário apresentou a fala como: “Vamos caminhar até o Capitólio... e eu estarei lá com vocês. E lutaremos. Lutaremos com todas as forças.”

Os dois trechos foram proferidos com mais de 50 minutos de intervalo, mas foram exibidos como uma sequência contínua.

A distorção veio à tona após o jornal britânico Telegraph revelar um documento interno da BBC reconhecendo erros na edição. Apesar disso, diretores da emissora inicialmente negaram qualquer violação de seus padrões editoriais.

Em carta enviada à emissora, os advogados de Trump exigiram uma retratação pública, com o mesmo destaque dado à exibição do documentário, além de uma indenização de US$ 1 bilhão até o dia 14 de novembro.

O presidente da BBC, Samir Shah, reconheceu o erro em carta enviada à Comissão Parlamentar de Cultura, Mídia e Esportes do Reino Unido:

“A forma como o discurso foi editado deu a impressão de um apelo direto à violência. A BBC deseja pedir desculpas por este erro de julgamento.”

Shah também prometeu reforçar as diretrizes editoriais da emissora para evitar novos episódios semelhantes.