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Moradores protestam após operação no Rio que deixou 128 mortos

Comunidade da Penha questiona ação policial mais letal da história do estado

Por: Redação

29/10/202512:13

Na manhã desta quarta-feira (29), moradores do Complexo da Penha, na zona norte do Rio de Janeiro, organizaram um protesto após a operação policial que resultou em mortes recordes. Segundo relatos da comunidade, 128 pessoas teriam perdido a vida, enquanto o governo estadual contabiliza oficialmente 64 mortos.

Foto Moradores protestam após operação no Rio que deixou 128 mortos
Foto: Reprodução/X

Desde cedo, moradores carregaram corpos até a Praça São Lucas, formando uma longa fila de vítimas. Vídeos compartilhados mostram corpos no chão, alguns cobertos por panos, outros sem qualquer proteção. “Esses são os que não foram levados para o hospital”, disse ele nas redes sociais.

Entre os presentes, uma moradora, mãe de uma das vítimas, denunciou a ação como “chacina” e criticou duramente a atuação do Estado. “Meu filho se entregou e pediu para ser algemado. Mesmo assim, foi morto. Isso não é segurança, é assassinato. Polícia é bandido protegido pela lei”, afirmou emocionada.

As mortes registradas nesta quarta-feira ainda não constam no balanço oficial da operação. A Secretaria de Segurança Pública do Rio informou que uma perícia será realizada para confirmar se os corpos encontrados na mata da Vacaria, na Serra da Misericórdia, têm relação com o confronto. Moradores alertam que mais vítimas podem estar no alto do morro e que o número total de mortos ainda pode crescer.

A ação policial, iniciada na madrugada de terça-feira (28), integra a Operação Contenção, criada pelo governo do Rio para conter a expansão do Comando Vermelho. A megaoperação mobilizou cerca de 2.500 agentes das forças estaduais, cumprindo aproximadamente 100 mandados de prisão nas comunidades da Penha e do Alemão.

Segundo informações das autoridades, os traficantes reagiram à chegada das equipes com tiros, barricadas em chamas e explosivos lançados por drones. Imagens captadas mostram quase 200 disparos em apenas um minuto, além de criminosos fugindo em fila pelo alto do morro, lembrando cenas da ocupação do Alemão em 2010.

O governo informou que, até o momento, 60 suspeitos e quatro policiais morreram durante a operação, que é considerada a mais letal da história do estado. A ação reacendeu o debate sobre políticas de segurança pública e os efeitos de confrontos intensos em comunidades do Rio de Janeiro.