Crime organizado já atinge o entorno de 28 milhões de brasileiros
Presença de facções e milícias cresce em todo o país e é mais sentida nas capitais e no Nordeste, aponta Datafolha
Por: Redação
16/10/2025 • 11:34
A influência de facções criminosas e milícias no cotidiano dos brasileiros está em expansão. Segundo uma pesquisa realizada pelo Datafolha a pedido do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 19% da população afirmam viver em regiões onde há atuação direta desses grupos, o equivalente a 28,5 milhões de pessoas. Em 2024, esse número era de 14%, o que representa um aumento expressivo em apenas um ano.
O estudo, conduzido entre 2 e 6 de junho, entrevistou 2.007 pessoas com mais de 16 anos em 130 cidades distribuídas por todas as regiões do país. A pesquisa investigou percepções sobre violência, presença do crime organizado, roubos, agressões e fraudes financeiras. As ocorrências foram mais citadas em grandes centros urbanos, capitais e no Nordeste.
As diferenças de classe e raça também aparecem nos resultados. Enquanto 19% dos brasileiros que ganham até dois salários mínimos dizem viver próximos de áreas dominadas por grupos criminosos, o percentual é de 18% entre quem recebe de cinco a dez salários. Entre pessoas negras, a presença do crime é sentida por 23% dos entrevistados, contra 13% entre brancos.
A convivência com esse tipo de criminalidade expõe realidades ainda mais duras. Entre os moradores dessas áreas, 25% afirmaram conhecer locais usados como cemitérios clandestinos, e 40% relataram cruzar com cracolândias em trajetos cotidianos números bem acima da média nacional.
A prática ilegal de segurança privada feita por policiais de folga também cresceu: 21% dos entrevistados disseram ter sido abordados com esse tipo de oferta, contra 18% no ano anterior. Apesar disso, o levantamento indica que nem toda vigilância irregular está associada diretamente às milícias.
Outros dados reforçam a sensação de insegurança. Um em cada seis brasileiros (16%) já presenciou abordagens violentas da Polícia Militar, com maior incidência entre jovens de 16 a 24 anos, homens e moradores de metrópoles. Além disso, 8% relataram ter parentes ou conhecidos desaparecidos, o que corresponde a cerca de 13,4 milhões de pessoas, principalmente das classes D e E.
Para Renato Sérgio de Lima, diretor-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, os números reforçam a urgência de uma resposta articulada do Estado.
“Quando se coordena as diferentes agências e suas competências, o resultado é muito bom. O problema é que a escala disso ainda é muito residual”, afirmou.
Relacionadas