Anitta pede a Lula indicação de mulher para vaga no STF
Cantora destaca baixa representatividade feminina e racial na Suprema Corte brasileira
Por: Redação
15/10/2025 • 09:41
A cantora Anitta usou suas redes sociais nesta terça-feira (14) para solicitar que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva indique uma mulher para ocupar a vaga de ministra no Supremo Tribunal Federal (STF), aberta com a aposentadoria de Luís Roberto Barroso. A artista destacou que, entre os 172 ministros do Supremo, apenas três são mulheres, nenhuma negra.
"Tenho certeza de que existem mulheres qualificadas para o cargo no nosso país, onde a maioria da população é mulher. Compartilho com toda esperança", declarou Anitta.

Reprodução / Instagram @anitta
Caso Lula opte por outro homem, o STF terá novamente dez ministros e apenas uma mulher, Cármen Lúcia, nomeada em 2006. Antes dela, as outras ministras foram Ellen Gracie, indicada por Fernando Henrique Cardoso em 2000, e Rosa Weber, escolhida por Dilma Rousseff em 2011.
O ministro Luís Roberto Barroso anunciou sua aposentadoria na última quinta-feira (9) e formalizou o pedido na noite de segunda-feira (13). A saída será oficializada no sábado (18).
Lula deve se reunir nesta semana com aliados e conselheiros para definir quem será indicado à vaga. "Eu quero uma pessoa, não sei se mulher ou homem, não sei se preto ou branco, eu quero uma pessoa que seja antes de tudo gabaritada para ser ministro da Suprema Corte. Eu não quero um amigo. Eu quero um ministro da Suprema Corte que tenha como função específica cumprir a Constituição brasileira. É isso que eu quero", afirmou o presidente
Favoritos para substituir Barroso no STF
Três homens despontam como principais cotados:
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Jorge Messias, advogado-geral da União, é o favorito de Lula, próximo e de confiança do presidente, atuando como articulador jurídico do governo.
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Rodrigo Pacheco, senador pelo PSD-MG e ex-presidente do Senado, tem o apoio de Davi Alcolumbre e simpatia de ministros como Gilmar Mendes, Alexandre de Moraes, Flávio Dino e Cristiano Zanin.
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Bruno Dantas, ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), tem perfil técnico e político, com bom trânsito no Planalto e no Congresso.
Nos bastidores, fontes afirmam que Lula deve seguir o critério de confiança pessoal usado nas indicações de Zanin e Flávio Dino, o que favorece Messias.
Daniela Teixeira ganha força entre cotados
Segundo o jornalista Gerson Camarotti, se o impasse entre os candidatos homens se acirrar, aumenta a pressão por uma indicação feminina. O nome mais citado no Planalto é o da ministra Daniela Teixeira, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), indicada por Lula em 2023.
A ministra representa uma alternativa que poderia reduzir desgaste político e atender à demanda por diversidade de gênero e raça no STF. Interlocutores próximos ao presidente lembram que o nome de Daniela já vinha sendo cogitado para a vaga de Cármen Lúcia, prevista para 2029.
Barroso, ao ser questionado sobre a possibilidade de uma mulher substituí-lo, afirmou que “filosoficamente, gosta da ideia”.
Entidades pedem que Lula escolha uma mulher para o Supremo
Após a aposentadoria de Barroso, diversas entidades do sistema de Justiça publicaram uma carta solicitando que Lula indique uma mulher para a Corte.
"O anúncio da saída do ministro Barroso abre uma oportunidade única para que a Corte avance no compromisso assumido pelo CNJ de promover igualdade na Justiça brasileira", afirmam. "Não faltam nomes qualificados; indicar uma ministra reduziria a histórica desigualdade de gênero no STF", completam.
A carta lista 13 nomes femininos considerados aptos a compor o Supremo:
- Adriana Cruz, juíza e ex-secretária nacional do CNJ
- Daniela Teixeira, ministra do STJ
- Vera Lúcia Araújo, ministra substituta do TSE
- Dora Cavalcanti, advogada
- Edilene Lobo, ministra do TSE
- Flávia Carvalho, juíza auxiliar no STF
- Karen Luise, juíza e integrante do CNMP
- Kenarik Boujikian, secretária nacional de Diálogos Sociais
- Lívia Sant’Anna Vaz, promotora de Justiça
- Livia Casseres, defensora pública e coordenadora da SENAD
- Maria Elizabeth Rocha, presidenta do STM
- Monica de Melo, defensora pública
- Sheila de Carvalho, secretária nacional de Acesso à Justiça
As entidades reforçam que a baixa representatividade feminina e racial no STF é um “problema estrutural”, e pede que Lula apoie iniciativas para mudar o histórico de igualdade de gênero no STF.
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