Casos de coqueluche disparam na Bahia e liga alerta para vacinação
Doença respiratória grave tem aumento expressivo no estado
Por: Domynique Fonseca
11/11/2025 • 08:00 • Atualizado
Os casos de coqueluche, infecção respiratória aguda causada pela bactéria Bordetella pertussis, aumentaram mais de 13 vezes em 12 meses no Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde. Neste recorte, a Bahia está entre os estados com maior crescimento, já que possui 81 casos suspeitos entre janeiro e novembro de 2024, distribuídos em nove macrorregiões.
Entre as cidades locais, Teixeira de Freitas, no Extremo Sul, enfrentou um surto da doença e responde por 13% das notificações, incluindo um óbito confirmado.
Tal configuração de saúde já virou motivo de alerta máximo entre as autoridades. De acordo com a coordenadora de Imunizações da Diretoria de Vigilância Epidemiológica da Sesab, Vânia Rebouças, ao Portal Esfera, o aumento segue uma tendência mundial.
“A coqueluche é uma doença endêmica, com ciclos de aumento a cada quatro anos. O crescimento recente se deve a fatores como a redução da cobertura vacinal durante a pandemia, o surgimento de cepas mais virulentas e a melhoria no diagnóstico laboratorial por PCR”, afirma.
Marcio Rocha/Saúde GovBA
Coqueluche na Bahia
No ano passado, o Brasil registrou 7.500 casos da doença. Em contrapartida, somente em 2025, até outubro, já são 2.343. Dentro do recorte baiano, foram 110 casos em 2024 e 146 até outubro deste ano.
Apesar do avanço, a Sesab garante que reforçou as ações no Programa Vacina Bahia, com estratégias de vacinação em escolas, domicílios, maternidades e pontos estratégicos. Por outro lado, as coberturas vacinais no estado ainda estão abaixo da meta de 95%:
- Pentavalente (2, 4 e 6 meses): 80,09%;
- DTP (reforços): 80,21%;
- dTpa (gestantes): 87,36%.
Segundo Vânia, a vacinação é essencial para proteger bebês menores de 1 ano, o grupo mais vulnerável à forma grave da doença: “A vacina protege gestantes e recém-nascidos, reduz complicações e internações e previne surtos."
Atenção aos surtos e sintomas
O infectologista Dr. Victor Castro Lima, coordenador do serviço de infectologia do Hospital Mater Dei Salvador, alerta que a coqueluche pode começar com sintomas parecidos com um resfriado, coriza, febre baixa e tosse leve, mas evolui para tosse intensa e persistente, que pode causar vômitos, cansaço extremo e até desmaios.
“Em bebês, a doença pode evoluir para insuficiência respiratória e até óbito. As crianças menores de um ano são o principal grupo de risco. Por isso, a vacinação da gestante é fundamental para passar anticorpos ao bebê”, destaca.
Reprodução/ Instagram @victorcastrolima.infecto
O especialista reforça também a importância de medidas preventivas complementares, como lavar as mãos com frequência, evitar enviar crianças com tosse à escola e usar máscara em caso de sintomas respiratórios.
Para o pneumologista Dr. Guilhardo Ribeiro, a coqueluche “vai e volta” por uma combinação de fatores.
“As mudanças climáticas, a falta de vacinação e a desatenção às orientações médicas contribuem para o aumento dos casos. Muitas vezes, a criança doente vai à escola e transmite para colegas e familiares, incluindo idosos com doenças crônicas, que podem evoluir de forma mais grave”, explica.
Dr. Guilhardo Ribeiro/ Arquivo Pessoal
Ele lembra que recém-nascidos e idosos são os mais suscetíveis. “Nos bebês, o estreitamento dos brônquios pode causar paradas respiratórias e arritmias. Já os idosos, especialmente com comorbidades, precisam se vacinar assim como fazem contra gripe e pneumonia”, orienta.
Situação em Teixeira de Freitas
A Prefeitura de Teixeira de Freitas confirmou em novembro de 2024 o óbito de um paciente por complicações da coqueluche, momento em que reforçou a importância da busca por atendimento médico em casos de tosse persistente por mais de 14 dias.
De modo a combater essa realidade, o município mantém vacinação disponível em todas as Unidades Básicas de Saúde (UBS).
Doença cíclica e prevenível
A coqueluche é altamente contagiosa e se espalha por gotículas expelidas ao tossir, espirrar ou falar. O período de incubação varia entre 5 e 10 dias, mas pode chegar a 21. Apesar do avanço, especialistas são unânimes em afirmar que a vacina é eficaz e salva vidas.
“A coqueluche é uma doença prevenível. A informação, a notificação e a vacinação são nossas melhores armas”, resume Vânia Rebouças, da Sesab.
As vacinas contra a coqueluche (Pentavalente, DTP e dTpa) estão disponíveis gratuitamente nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). A respeito disso, dúvidas podem ser esclarecidas nas Secretarias Municipais de Saúde ou no portal https://www.saude.ba.gov.br/
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