A entrada em vigor da lei que determina o uso de câmeras internas em carros de aplicativo em Salvador abriu uma nova discussão entre motoristas, especialmente os que atuam no turno da madrugada, segmento que afirma se sentir mais vulnerável com a medida. O decreto exige que os equipamentos sejam instalados na parte frontal do veículo e determina que as plataformas sejam responsáveis pelo fornecimento das câmeras.

Segundo o entrevistado do Portal Esfera no Rádio, transmitido pela Itapoan FM (97,5) e apresentado por Luis Ganem, desta terça-feira (18), que dirige à noite e administra o perfil @ubernovela, o impacto da nova regra não será igual para todos. Ele afirma que “para quem roda na madrugada, estão colocando a gente em ponta de faca, porque a gente entra muito em comunidade”. Ele explica que o período noturno envolve trajetos mais sensíveis e que a percepção de risco cresce quando grupos locais sabem que todo carro de aplicativo está gravando o ambiente interno.

Ainda de acordo com ele, a madrugada é o horário em que “os meninos ficam mais expostos, mais oriçados” e isso pode criar situações de tensão para quem dirige nessas áreas. Por isso, defende que a lei deveria ter exceções. “Eu acho que não deveria ser obrigatório para a galera da noite, ou deveria haver outra forma, porque o risco para mim é muito grande.”

Debate pode gerar ajustes 

O motorista destaca que a medida traz benefícios para usuários e para quem trabalha durante o dia, reforçando a segurança nas viagens. No entanto, afirma que o texto não levou em conta particularidades de quem circula no período noturno. Ele cita a possibilidade de emendas: “Ainda dá tempo do vereador Duda Sanches botar um dispositivo que desobrigue na entrada das comunidades a câmera ligada.”

O posicionamento dividiu opiniões entre colegas de profissão. “A galera apoiou essa questão, só que apoiou esquecendo de quem roda na madrugada”, relata.

O entrevistado também comentou sobre as tensões políticas que vivencia no carro e ponderou que evita embates diretos com passageiros por receio da violência. “A verdade, cada um tem a sua”, resume.