Na edição do Portal Esfera no Rádio, transmitido pela Itapoan FM (97,5) e apresentado por Luis Ganem, desta terça-feira (18), o motorista de aplicativo e criador de conteúdo, Gileno Beré (@ubernovela), abriu o coração sobre sua vida pessoal, o início no universo digital e o sucesso do projeto "Uber Novela", que retrata com humor o cotidiano dos motoristas de aplicativo em Salvador.

Ates de alcançar a marca de 40 episódios publicados, Gileno já experimentava o mundo da edição de vídeos. Em 2012, ainda como supervisor de vendas de ferramentas automotivas, produzia montagens sobre artistas que morreram ao longo do ano, conteúdo que repercutiu no YouTube.

“Lá em 2012, eu fazia uns cortes, pegava os artistas que iam morrendo ao longo do ano, ia juntando na caixinha as imagens e no final do ano eu fazia artistas que morreram nesse ano de 2013. Percebi que  o pessoal gostava dessa coisa ligada à novela”, lembra.

Segundo ele, a primeira fagulha do que viria a ser o “Uber Novela” surgiu de um relato recebido durante uma corrida no Parque São Bartolomeu, no Rio Sena.

“O que me inspirou foi a primeira reclamação que recebi. A passageira disse que o motorista não queria buscá-la porque a rua era deserta. Mesmo assim, ele foi, mas reclamando o caminho inteiro. Isso me deu a ideia”, conta.

Dias depois, ao visitar um cunhado em Mata de São João, encontrou um cenário semelhante. “Eu disse: ‘Dá pra montar aqui a cena’. Gravamos à noite, naquela rua escura, e esse foi o primeiro episódio. Foi o primeiro dos 40, e rodou muito nos sites de Salvador.”

Do câncer ao conteúdo: a virada de 2020

O criador ainda mencionou que o impulso maior para se dedicar ao projeto veio durante o período mais difícil de sua vida: o diagnóstico de câncer colorretal em 2020, quando enfrentou quatro tumores.

“Esse câncer me colocou dentro de casa. Com o tempo sobrando, acabei me dedicando mais à internet”, relata.

Antes mesmo de viralizar, Gileno era conhecido em mais de 100 grupos de WhatsApp de motoristas, ambiente onde seus conteúdos se espalhavam rapidamente. Hoje, já focado em grupos de notícias da Bahia, usa a rede para se manter informado.

 

 

 

 

 

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A rotina noturna: “a noite não é para amador”

Motorista há cinco anos de forma direta e quase nove de forma indireta, Gileno explicou que prefere trabalhar à noite, apesar dos riscos.

“A noite não é para amador. Até as 22h é uma zona de conforto. Depois disso, precisa ter atenção redobrada, ainda mais entrando em comunidades”, destaca.

Casado há 31 anos com Sara, que participa das gravações e inspira situações cômicas, ele brinca com o apelido “Pé na Cova”, dado na época em que enfrentava o câncer. Em um dos vídeos recentes, Sara colocou uma coroa decorativa na cena, provocando risadas entre os seguidores.

Ator vilão, polêmico e realista

Gileno se define nas redes como “ator vilão amador e rei da polêmica”, título que nasceu a partir de reclamações reais de passageiros.

“Sempre tem uma queixa. Eu pego essas histórias, reproduzo com minha esposa e transformo em cenas que impactam”, explica.

Um exemplo veio do Natal passado: uma passageira pediu para alterar a rota e ouviu do motorista que ele “não estava ali para agradar ninguém”. A história virou vídeo e viralizou.

Apesar do tom bem-humorado que marca seu conteúdo, Gileno não esconde a realidade dura da profissão.

“Se eu disser que tô feliz, vou estar mentindo. Trabalho por obrigação, mas sou grato a Deus, porque hoje é minha fonte de renda. Só que as tarifas não ajudam”, afirma.

Entre dificuldades, criatividade e muito bom humor, Gileno Beré segue transformando experiências reais em conteúdo que diverte e alcança milhares de pessoas nas redes sociais.