A Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora de medicamentos dos EUA, aprovou na última quarta-feira (18/6) o Yeztugo, injeção semestral desenvolvida pela Gilead Sciences para prevenção do HIV. O medicamento, que utiliza o princípio ativo lenacapavir, demonstrou eficácia acima de 99,9% nos ensaios clínicos.

O fármaco é um inibidor do capsídeo, estrutura vital para a replicação do HIV. Ao bloquear essa proteína, o vírus perde a capacidade de se multiplicar no organismo. A aplicação a cada seis meses surge como alternativa à PrEP oral (profilaxia pré-exposição), que exige dose diária e enfrenta desafios de adesão.

Dois grandes estudos sustentam a eficácia:

Entre 2 mil mulheres na África Subsaariana, zero infecções foram registradas no grupo que recebeu a injeção.

Em outro teste com 2 mil homens e pessoas transgênero, a taxa de prevenção foi de 99,9% (apenas dois casos).
Em comparação, a PrEP oral (Truvada) apresentou eficácia de ~95%, com nove infecções no mesmo período.

Custo: O preço estimado nos EUA é de US$25 mil/ano, aproximadamente R$ 137,5 mil, levantando críticas sobre a acessibilidade. Especialistas defendem que o custo real de produção seria de apenas US$25/dose, convertendo  R$ 137,50).

Distribuição: A Gilead fechou parcerias para produzir versões genéricas em 120 países de baixa e média renda, mas ainda aguarda autorizações regulatórias.

O SUS oferece gratuitamente testes rápidos e a PrEP oral, mas a injeção semestral poderá ser uma opção futura. O Brasil participou dos testes clínicos no CRT-Aids de São Paulo, junto a outros países com alta incidência do vírus (média de 2,3%).

Perspectivas: A aprovação marca um avanço na prevenção, mas o acesso global dependerá de políticas de preço e saúde pública. Enquanto isso, especialistas reforçam a importância do diagnóstico precoce e do uso consistente de métodos existentes.

*(Nota: Valores convertidos a US$ 1 = R$ 5,51 em 20/6/2025)*