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Brasil registra primeira morte por câncer de mama associado a silicone

Caso foi reportado no Hospital do Amor, em Barretos (SP)

Por: Gabriel Pina

19/08/202516:00

Em um caso inédito no Brasil, o Hospital de Amor, em Barretos (SP) registrou o primeiro caso de um tipo extremamente raro de câncer de mama associado a implantes de silicone, conhecido como carcinoma espinocelular, no país. Desde sua primeira descrição na medicina, em 1992, apenas 20 casos dessa doença foram documentados no mundo.  

Mulher segurando silicone mamario
Foto: Reprodução/FreePik

O caso foi relatado por uma equipe liderada pelo mastologista Idam de Oliveira Junior, em um estudo publicado no “Annals of Surgical Oncology”. A pesquisa não apenas identificou a ocorrência, mas também propôs um novo método para padronizar o estadiamento e o tratamento desse tipo de tumor, que está relacionado, em muitos casos, ao uso prolongado de próteses sem a troca recomendada.  

Segundo o membro da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), Oliveira Junior, devido à raridade da doença, os fatores de risco ainda são desconhecidos. 

“Estamos diante de uma doença de comportamento agressivo. O diagnóstico precoce permite um tratamento mais eficiente com maior sobrevida para a paciente”, afirmou o profissional.

 O caso brasileiro 

De acordo com o estudo, a paciente era uma mulher de 38 anos e tinha implantes de silicone desde os 20 anos. Ela procurou atendimento médico após sentir dor e aumento no volume de uma das mamas. Após fazer os exames, os resultados revelaram um acúmulo de líquido ao redor da prótese e alterações na cápsula. A equipe então solicitou então uma biópsia, que confirmou o carcinoma espinocelular.  

Apesar da remoção da prótese e da realização de uma mastectomia, o câncer retornou rapidamente, levando ao óbito da paciente dez meses após o novo diagnóstico.  

 Características e riscos da doença  

O carcinoma espinocelular ligado a implantes mamários é um tipo raro, mas agressivo, de câncer. Entre os 17 casos analisados no estudo brasileiro, nove tiveram recorrência do tumor no primeiro ano, e seis pacientes faleceram nos dois anos seguintes ao diagnóstico. A sobrevida média foi de 15,5 meses, enquanto a sobrevida livre de progressão da doença foi de 13,5 meses.  

Embora as causas exatas ainda não sejam conhecidas, os profissionais acreditam que as inflamações crônicas na cápsula do implante possam contribuir para o câncer. Um dos sinais mais comuns é o acúmulo de líquido ao redor da prótese.  

Apesar da gravidade, os especialistas reforçam que a doença é extremamente incomum e que a maioria das mulheres com implantes não desenvolverá esse tipo de câncer. No entanto, qualquer alteração nas mamas, como dor, inchaço ou assimetria, deve ser investigada por um médico.