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Estudo relata caso raro de câncer ligado a implante de silicone

Tumor agressivo é associado ao uso prolongado de prótese

Por: Victor Hugo Ribeiro

18/08/202515:00

Um tipo raro de carcinoma espinocelular associado ao uso de implantes de silicone foi documentado pela primeira vez em 1992, com apenas 20 casos registrados em todo o mundo. No Brasil, a ocorrência foi relatada em um estudo publicado na revista Annals of Surgical Oncology, conduzido por uma equipe de especialistas do Hospital de Amor em Barretos (SP).

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Foto: Divulgação/Freepik

O estudo não apenas identificou um novo caso, mas também propôs um método para padronizar o estadiamento e o tratamento dessa doença agressiva, que está relacionada ao uso prolongado de próteses sem a devida substituição. De acordo com os especialistas, os fatores de risco para esse tipo de tumor ainda são desconhecidos, em grande parte devido ao número limitado de ocorrências. Eles destacam a importância do diagnóstico precoce para um tratamento mais eficaz e uma maior chance de sobrevida.

O caso da paciente brasileira

A paciente, uma mulher de 38 anos, utilizava implantes de silicone desde os 20 anos. Ela buscou atendimento médico após sentir dor e notar um aumento no volume de uma das mamas. Exames realizados revelaram acúmulo de líquido ao redor da prótese e alterações na cápsula. A biópsia confirmou o diagnóstico de carcinoma. Apesar da remoção da prótese e da realização de uma mastectomia, o tumor recidivou, e a paciente faleceu dez meses após o novo diagnóstico.

Um especialista envolvido no estudo enfatiza que, embora a doença seja rara, merece atenção, especialmente considerando que um número crescente de mulheres está utilizando implantes por longos períodos. Ele recomenda que qualquer alteração percebida nas próteses deve ser investigada imediatamente.

Prognóstico e tratamento do tumor

O carcinoma espinocelular relacionado a implantes mamários é uma condição agressiva com um prognóstico preocupante. A pesquisa analisou 17 casos e concluiu que a maioria (nove) apresentou recorrência no primeiro ano, e seis pacientes faleceram nos primeiros dois anos. A sobrevida média foi de apenas 15,5 meses.

Embora as causas exatas da doença ainda não sejam totalmente compreendidas, a inflamação crônica da cápsula do implante pode levar à transformação maligna das células. Um dos sinais de alerta é a presença de líquido ao redor da prótese.

Com base nos dados coletados, a pesquisa sugere um sistema de estadiamento específico e recomenda a mastectomia total como uma forma de reduzir o risco de recidiva. As metástases desse tipo de tumor geralmente afetam os pulmões e o fígado.