Brasil atinge novo patamar na cobertura da vacina de HPV em crianças
Média brasileira de cobertura vacinal é de 82%, enquanto global atinge apenas 12%
Por: Gabriel Pina
27/08/2025 • 19:00 • Atualizado
O Brasil alcançou um patamar superior à média mundial na vacinação contra o Papilomavírus Humano (HPV), vírus associado ao câncer de colo do útero, é o que apontam os dados do Ministério da Saúde. Segundo a pasta, a cobertura vacinal entre meninas de 9 a 14 anos chegou a 82%, percentual superior ao índice global, que é de apenas 12%.
Esse progresso integra o compromisso assumido pelo país com a Organização Mundial da Saúde (OMS) de alcançar 90% de cobertura até 2030, meta fundamental para a eliminação do câncer de colo de útero. Para isso, além de intensificar a vacinação de meninas na faixa etária prioritária, o Brasil também ampliou sua estratégia para incluir os meninos. No grupo de 9 a 14 anos, a cobertura entre eles passou de 45,46% para 67,26% em um intervalo de dois anos.
Outra frente de atuação é o resgate vacinal, voltado para adolescentes que não receberam a dose na idade recomendada. Em 2024, foi identificado que 7 milhões de jovens entre 15 e 19 anos ainda não estavam imunizados contra o HPV. Para isso, o Ministério da Saúde lançou uma campanha direcionada a esse público, priorizando 2,95 milhões de adolescentes em 121 municípios com as maiores taxas de não vacinados.
Para Juarez Cunha, pediatra e diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), a falta de informação para a população é o principal obstáculo para melhorar os índices de vacinação entre adolescentes de 15 a 19 anos.
“A gente sabe que não é fácil atingir esses jovens, que ainda são adolescentes, mas, se levarmos o recado de que a vacina pode evitar doenças graves como o câncer de colo de útero, tenho certeza que teremos uma maior adesão”, destacou Cunha.
E a preocupação não é à toa: De acordo com os dados de uma pesquisa da Fundação do Câncer, citada pela SBIm, mostram que entre 26% e 37% dos jovens desconheciam que a vacina contra HPV previne o câncer de colo do útero. Entre os adultos responsáveis, o desconhecimento atingia 17%.
Nesse sentido, o profissional defende a realização de campanhas com horários ampliados e a presença de profissionais preparados para esclarecer dúvidas dos jovens. Segundo ele, as crianças e adolescentes de baixa renda são os mais vulneráveis a doenças evitáveis, o que revela uma necessidade de uma articulação entre autoridades, sociedades médicas e organizações da sociedade civil para reverter o atual cenário.