Bariátrica tem 5x mais efeito que caneta
Injeções reduzem só 5 kg em média
Por: Ana Beatriz Fernandez Martinez
23/06/2025 • 17:30
Pessoas que se submetem à cirurgia bariátrica conseguem perder até cinco vezes mais peso do que aquelas que utilizam medicamentos injetáveis com agonistas de GLP-1, como semaglutida (Ozempic e Wegovy) e tirzepatida (Mounjaro), segundo um novo estudo norte-americano.
A pesquisa foi conduzida por especialistas do NYU Langone Health, em Nova York, e apresentada nesta terça-feira (17/6), durante a Reunião Anual da Sociedade Americana de Cirurgia Metabólica e Bariátrica (ASMBS) 2025.
Os dados revelam que, em um período de dois anos, pacientes que passaram pela cirurgia bariátrica perderam, em média, 25 kg, o que corresponde a 24% do peso corporal total. Já entre os que utilizaram os medicamentos injetáveis por pelo menos seis meses, a perda média foi de 5,4 kg, ou 4,7% do peso.
Mesmo após um ano de uso contínuo das injeções de GLP-1, a redução de peso alcançou no máximo 7%, valor ainda distante dos resultados observados nos pacientes operados.
“A literatura aponta que os GLP-1 podem causar perda entre 15% e 21% do peso corporal em ensaios clínicos, mas este estudo mostra que, na prática clínica, os números são significativamente menores”, explicou a autora principal da pesquisa, Avery Brown, em nota oficial. Ela ainda destacou que até 70% dos pacientes abandonam o tratamento antes de completar um ano.
A análise envolveu cerca de 51 mil pacientes atendidos entre 2018 e 2024 nos sistemas de saúde NYU Langone Health e NYC Health + Hospitals. Após ajustes para fatores como idade, IMC e comorbidades, os pesquisadores examinaram os resultados a partir de registros médicos eletrônicos para comparar a eficácia dos dois métodos.
Também conhecida como gastroplastia ou redução de estômago, a cirurgia bariátrica consiste na diminuição do volume estomacal de até 1,5 litro para algo entre 25 e 200 ml. Isso gera saciedade precoce, levando o paciente a consumir menos alimentos e, consequentemente, menos calorias.
A técnica é indicada principalmente para obesidade grave e pode ser feita por diferentes abordagens: bypass gástrico, sleeve gástrico (gastrectomia vertical), banda gástrica ajustável, duodenal switch e gastroplastia endoscópica.
O crescimento da obesidade é um tema de alerta global. Segundo um estudo publicado na revista The Lancet em 2025, a condição já atinge mais de um bilhão de pessoas ao redor do mundo.
“A obesidade está ligada a uma série de complicações, incluindo doenças cardiovasculares, trombose, limitações funcionais, depressão e outros impactos na qualidade de vida”, afirma o cirurgião César Wakoff, da Casa de Saúde São José, no Rio de Janeiro.