Ter um pet pode melhorar a saúde mental, apontam especialistas
Além de oferecer afeto e companhia, animais estimulam rotinas saudáveis e ajudam a combater a solidão
Por: Lorena Bomfim
22/07/2025 • 16:00
Adotar um animal de estimação vai muito além de encontrar uma nova fonte de alegria e companhia. Estudos e especialistas indicam que a convivência com pets pode ser uma forma eficiente de melhorar a saúde mental e emocional de adultos. Segundo a psicóloga Marina Vasconcellos, especializada em terapia familiar e psicodrama, os animais oferecem vínculos afetivos profundos, incentivam a interação social e estimulam hábitos saudáveis, como sair de casa e manter uma rotina.
“O vínculo com os animais é leve e puro. Eles estão sempre prontos para receber e dar carinho. Você não precisa ter assunto ou se explicar — basta ser você mesmo e oferecer afeto”, afirma Marina.
Bem-estar no dia a dia
A presença constante de um pet pode reduzir a ansiedade, aliviar o estresse e até contribuir no enfrentamento da depressão. Em casos leves a moderados, cuidar de um animal pode ajudar a romper o isolamento e trazer propósito ao cotidiano.
“Na depressão, a pessoa se vê obrigada a reagir: levantar da cama, alimentar o animal, sair para passear. Só isso já ajuda muito”, explica a psicóloga.
Além disso, o convívio com os bichos estimula a liberação de ocitocina — o chamado "hormônio do bem-estar" —, responsável por fortalecer vínculos afetivos. “Ter um pet alimenta a alma. O ser humano precisa de conexão, e os animais são ótimos parceiros para isso, especialmente quando a pessoa está sozinha”, completa Marina.
Animais como pontes sociais
O contato com pets também pode facilitar a socialização. A rotina de passear com um cachorro, por exemplo, cria oportunidades para interações casuais com outros tutores. “Você encontra outros donos, troca conversas, conhece gente. Tem até quem começou a namorar assim, cruzando no parque com seus cachorros”, conta Marina.
A psicóloga Juliana Sato, especialista em saúde mental da plataforma Trabalhe pra Cachorro, acrescenta que a previsibilidade do comportamento dos animais e os rituais diários transmitem segurança emocional.
“Isso reduz os níveis de cortisol — o hormônio do estresse — e promove maior equilíbrio psicológico. A convivência com o animal traz estabilidade, mesmo em meio a uma rotina agitada”, afirma.
Juliana destaca ainda que, para muitas pessoas, o pet é a única fonte constante de afeto e convivência. “A presença do animal muda a dinâmica da casa, preenche lacunas emocionais e estimula interações fora do ambiente doméstico, como em passeios, pet shops e espaços públicos.”
Nem sempre é o melhor momento
Apesar dos inúmeros benefícios, as especialistas alertam: adotar um pet é um compromisso de longo prazo. Marina lembra que o animal exige cuidados diários, gastos com alimentação, saúde e higiene, além de tempo de convivência.
“É como um filho. Se a pessoa não pode dar atenção ou passa o dia inteiro fora, talvez não seja o momento ideal para ter um pet”, alerta. Ela também faz um alerta importante: em casos de luto recente ou transtornos mentais graves — como depressão severa ou esquizofrenia sem suporte —, o risco é que o animal não receba os cuidados necessários.
Escolha responsável
Para quem está decidido a adotar, o ideal é avaliar o estilo de vida e escolher um animal compatível. “Se você mora em apartamento, talvez um cachorro grande não seja a melhor opção. Gatos são mais independentes, mas também precisam de atenção”, orienta Marina.
É importante entender o comportamento da raça, se o animal se adapta bem a crianças e se é mais agitado ou tranquilo. A psicóloga também chama a atenção para o equilíbrio emocional no cuidado com os pets.
“Cuidar com amor, sim, mas sem exageros. O animal não pode ocupar o lugar de uma pessoa. Não dá para deixar de viver por causa do pet. Existem hotéis, cuidadores e alternativas para os momentos em que você precisa se ausentar”, ressalta.
Em tempos de solidão crescente, os animais funcionam como uma espécie de escuta silenciosa — porém afetuosa. “Muita gente conversa com o pet como se estivesse desabafando com um diário. Eles não respondem com palavras, mas com carinho. E, no fim das contas, é isso que todos nós buscamos: afeto, reconhecimento e amor”, conclui Marina.
Antes de adotar um pet, reflita:
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Você tem tempo e dinheiro para cuidar do animal?
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Seu estilo de vida é compatível com o tipo de pet desejado?
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Está preparado para um compromisso que pode durar mais de 10 anos?
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Tem estabilidade emocional para criar esse vínculo?
Adotar um animal pode transformar sua vida — mas é preciso estar pronto para isso.
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