O cérebro pode ficar com a memória cheia? Especialista explica
Estímulos do cotidiano podem causar sensação de sobrecarga
Por: Gabriel Pina
31/07/2025 • 07:00
O cotidiano na vida moderna é cheio de estímulos variados: a velocidade dos acontecimentos, as cores e sons das redes sociais e plataformas de streaming, a rotina de trabalho, tudo isso muitas vezes nos deixa com a sensação de que nossa mente está sobrecarregada, como se não coubesse mais nenhuma informação. Mas será mesmo que o nosso cérebro tem um “limite” de memória?
Segundo o neurocientista Leandro Freitas Oliveira, professor da Universidade Católica de Brasília (UCB), o cérebro não armazena informações como um disco rígido, mas sim por meio de bilhões de neurônios.
“O cérebro cria, reorganiza e reforça conexões entre bilhões de neurônios. Ao invés de armazenar arquivos, ele constrói redes de memória. Podemos afirmar que, ao longo da vida, elas se reorganizam, criam sinapses e descartam conexões pouco usadas. É um sistema vivo, que se remodela o tempo todo”, declarou Oliveira
Embora não exista um consenso exato sobre a capacidade de armazenamento do cérebro, o profissional afirmou que, de acordo com algumas estimativas, o nosso cérebro pode guardar o equivalente a vários petabytes, o que equivale a 1 milhão de gigabytes.
E toda essa memória é muito bem utilizada por um dos mecanismos naturais do cérebro: a poda sináptica, em que conexões pouco utilizadas se enfraquecem, tornando certas memórias mais difíceis de acessar. No entanto, quando essas informações são revisitadas, seja por meio de estudo ou repetição, as ligações neuronais podem ser restabelecidas.
Além disso, o neurocientista reforça que as emoções desempenham um papel fundamental na fixação de memórias. Nesse sentido, situações marcantes, sejam positivas ou negativas, ativam regiões cerebrais que ajudam a consolidar lembranças de longo prazo.
Com isso, para manter o cérebro saudável e preservar a memória, especialistas recomendam hábitos como dormir bem, praticar exercícios físicos, ler e aprender coisas novas, além de reduzir o tempo de exposição a telas e evitar a multitarefa excessiva. A socialização e experiências significativas também contribuem para a saúde mental.
No entanto, o excesso de estímulos rápidos e fragmentados, como os das redes sociais, pode prejudicar a capacidade de concentração e memória. A dependência de ferramentas digitais para tarefas cotidianas, como GPS e lembretes automatizados, também pode levar ao enfraquecimento de funções cognitivas importantes, como planejamento e tomada de decisão.
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