Dalai Lama garante sucessor após morte
Líder tibetano rejeita controle da China
Por: Ana Beatriz Fernandez Martinez
02/07/2025 • 16:24
Em uma declaração feita nesta quarta-feira (2), por ocasião de seu aniversário de 90 anos, o Dalai Lama afirmou que sua reencarnação será indicada após sua morte, garantindo a continuidade de seu papel como líder espiritual do povo tibetano. A fala ocorreu em McLeod Ganj, cidade indiana onde vive exilado desde 1959.
O líder espiritual abordou diretamente preocupações sobre a sucessão e possíveis tentativas de interferência por parte da China, que controla o Tibete desde 1951.
“O papel do Dalai Lama continuará existindo”, afirmou ele em mensagem lida durante um encontro religioso. “Muitos budistas da diáspora e de regiões como o Himalaia, Mongólia, Rússia e China pediram que a tradição continue”, disse.
Disputa pela sucessão
Pequim já sinalizou que pretende participar do processo de escolha do próximo Dalai Lama. Segundo a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, qualquer reencarnação deve passar por sorteio em urna dourada e ter a aprovação do governo chinês — um método tradicional usado sob controle estatal.
O atual Dalai Lama, Tenzin Gyatso, nascido em 6 de julho de 1935, é reconhecido como a 14ª reencarnação da linhagem. A tradição tibetana considera que o Dalai Lama renasce continuamente para guiar seu povo.
No entanto, o líder religioso deixou claro que apenas o Gaden Phodrang Trust, seu escritório com sede na Índia, terá autoridade para validar qualquer futuro sucessor. “Ninguém além do Gaden Phodrang tem legitimidade para tratar desse assunto”, destacou.
Conflito político e cultural
A China considera o Dalai Lama um separatista e teme que sua figura fortaleça o movimento pela autonomia tibetana. Muitos tibetanos, por outro lado, receiam que o governo chinês tente nomear um sucessor próprio para consolidar sua influência no Tibete.
A ativista Chemi Lhamo, exilada e defensora dos direitos dos tibetanos, afirmou que a manutenção da liderança espiritual é essencial para a causa. “A instituição do Dalai Lama continua relevante e benéfica para a humanidade”, declarou.
Ela ainda pediu que a comunidade internacional se manifeste contra qualquer interferência de Pequim: “É hora de rejeitar de forma clara a tentativa da China de controlar essa tradição milenar.”
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