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Ararinhas-azuis testam positivo para circovírus e projeto é suspenso na Bahia

Resultado dos exames revela contaminação total e acende alerta sobre ameaça sanitária na Caatinga

Por: Redação

27/11/202509:05

O resultado dos exames realizados pelo ICMBio confirmou que as 11 ararinhas azuis recapturadas em Curaçá, no norte da Bahia, estão contaminadas pelo circovírus, agente responsável pela Doença do Bico e das Penas. A análise colocou em risco imediato a continuidade do plano de reintrodução da espécie, considerada uma das mais emblemáticas da Caatinga.

Foto Ararinhas-azuis testam positivo para circovírus e projeto é suspenso na Bahia
Foto: Reprodução / Acervo ICMBio

Ainda no início da apuração, o órgão ambiental reforçou que o circovírus não tem cura e apresenta alta taxa de mortalidade entre psitacídeos. Os sinais incluem alteração na coloração das penas, falhas no empenamento e deformidades no bico, embora o vírus não represente ameaça para humanos ou aves de produção.

Projeto de reintrodução sofre impacto direto

Em 2022, a soltura de um grupo vindo do Criadouro Científico marcou um dos momentos mais simbólicos do programa de conservação. Na época, 11 animais viviam livremente em Curaçá. A identificação do circovírus levou ao cancelamento da nova soltura prevista para julho deste ano, medida tomada para impedir a ampliação do surto.

Logo após a confirmação dos primeiros casos, o ICMBio iniciou investigações para rastrear a origem da contaminação e separou aves positivas e negativas para reduzir o risco de transmissão. O órgão também instalou o Sistema de Comando de Incidente, que passou a coordenar a emergência sanitária envolvendo a espécie.

Falhas graves de biossegurança resultam em multas

Durante inspeções realizadas por equipes do ICMBio, do Inema e da Polícia Federal, foram identificadas falhas sérias nos protocolos do criadouro responsável pelo manejo das ararinhas. O relatório apontou ausência de desinfecção diária, comedouros sujos e funcionários sem equipamentos de proteção individual. A empresa BlueSky, gestora das instalações, recebeu multa de aproximadamente 1 milhão e 800 mil reais.

Em ações complementares, o Inema também autuou o criadouro em cerca de 300 mil reais. A estrutura é parceira da associação alemã ACTP, que detém 75 por cento das ararinhas registradas no mundo. Para o ICMBio, o descumprimento das normas contribuiu para que a contaminação avançasse rapidamente, como explicou Cláudia Sacramento, coordenadora da emergência.

Segundo ela, o cenário poderia ter sido menos grave caso as medidas de proteção tivessem sido adotadas com rigor. A especialista acrescentou que a principal preocupação agora é impedir que a doença se espalhe para outros psitacídeos da fauna brasileira.

Doença do bico e das penas

A Doença do Bico e das Penas é considerada altamente letal e possui evolução variável conforme a idade das aves. Os primeiros sintomas surgem entre duas e quatro semanas após o contágio e podem incluir diarreia, alteração das penas, comprometimento ósseo e inflamação do bico.