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Cientistas captam fenômeno em comunidade de polvos

Exploração ambiental, como a mineração, pode acabar com o fenômeno

Por: Gabriel Pina

27/08/202507:00

Recentemente, os cientistas registraram uma cena impressionante de uma vasta comunidade de polvos reunida em silêncio, onde cada fêmea protege seus ovos em fendas aquecidas por atividade vulcânica. O fenômeno, conhecido como “jardim de polvos”, representa uma das maiores concentrações já registradas dessa espécie e ilustra de maneira surpreendente como a vida pode florescer mesmo nos ambientes mais extremos.

Polvo
Foto: Reprodução/FreePik

Com o apoio da tecnologia, os pesquisadores conseguiram capturar detalhes do comportamento coletivo desses animais, revelando um ciclo de vida complexo e ligado às condições geológicas do leito marinho. As fêmeas depositam dezenas de ovos e permanecem ao lado deles até que eclodam. 

Segundo os pesquisadores, o segredo desse sucesso reprodutivo está na água aquecida que emerge das fissuras do subsolo, com temperaturas entre 5 °C e 10 °C, formando um refúgio térmico essencial em meio às águas geladas que dominam a região. O ambiente aquecido acelera o desenvolvimento embrionário, reduzindo significativamente o tempo de incubação. Enquanto em outras áreas os ovos poderiam levar mais de uma década para eclodir, nesse berçário natural o processo se completa em menos de dois anos. 

Essa economia de tempo confere aos polvos uma vantagem evolutiva crucial, aumentando as chances de sobrevivência da prole e garantindo que mais indivíduos atinjam a idade adulta. Além disso, o ciclo de vida desses polvos desempenha um papel fundamental na dinâmica ecológica local. Após cumprirem sua função reprodutiva, as fêmeas morrem e seus corpos servem como fonte de nutrição para diversas outras espécies, transformando o local em um centro de energia que sustenta toda uma comunidade marinha.

Ainda persistem mistérios sobre como exatamente esses polvos localizam e retornam periodicamente ao mesmo local para se reproduzir. Pesquisas sugerem que pistas químicas possam orientar esse comportamento, mas mais estudos são necessários para confirmar essa hipótese.

Diante da importância ecológica única desse habitat, especialistas alertam para a urgência de sua preservação. Ameaças como a mineração em águas profundas e a pesca predatória representam riscos significativos à continuidade deste frágil ecossistema.