MP aciona Nubank na Justiça por práticas que levam ao endividamento
Instituição é acusada de liberar crédito sem autorização do cliente
Por: Iago Bacelar
28/08/2025 • 11:15 • Atualizado
O Ministério Público da Bahia (MP-BA) entrou com ação civil pública contra o Nubank. A promotora de Justiça Joseane Suzart afirma que o banco adota condutas que contribuem para o superendividamento de consumidores. O Nubank contesta as acusações.
Alegações do Ministério Público
Segundo o MP-BA, a instituição libera empréstimos sem autorização do cliente e sem apresentar informações claras sobre riscos, taxas e juros.
“Alguns clientes foram submetidos ao pagamento de dívidas sem sequer terem solicitado ou autorizado o referido numerário, muito menos ter acesso ao montante supostamente disposto pela instituição financeira”, disse a promotoria.
O órgão também relata cobranças por compras contestadas, parcelamentos não autorizados, imposição de serviços não contratados e exigência de quitação de prestações já pagas.
A investigação identificou ainda que o Nubank não oferece opções de amortização de dívidas nem de quitação antecipada conforme prevê a legislação.
Pedido à Justiça
O MP-BA solicita liminar obrigando o Nubank a cumprir determinações como:
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Fornecer informações claras e atuar com transparência na concessão de crédito
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Avaliar de forma responsável a condição financeira do consumidor
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Preservar o mínimo existencial para evitar o superendividamento
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Não pressionar clientes para contratação de produtos ou serviços
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Permitir o cancelamento imediato do cartão por qualquer canal disponível
A promotoria pede ainda que o banco seja obrigado a oferecer renegociação de dívidas sem juros excessivos, disponibilizar amortização e quitação antecipada sem tarifas, evitar aumento injustificado de preços em operações de crédito e melhorar o Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC).
O órgão informou que chegou a propor um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), mas a instituição não aceitou firmar o acordo.
O que diz o Nubank
Em nota, o Nubank contestou as acusações e afirmou cumprir rigorosamente a legislação e o Código de Defesa do Consumidor.
“O Nubank atua com ampla transparência e didatismo, oferece taxas de juros competitivas e programas robustos de quitação e renegociação de dívidas. Confiamos que todos os pontos serão devidamente esclarecidos para encerramento da ação ajuizada”, disse a instituição.
O banco acrescentou que a contratação de crédito ocorre apenas pelo aplicativo, após a solicitação do cliente, e que disponibiliza a possibilidade de antecipar parcelas e quitar débitos de forma simples.
Também destacou ações frequentes de renegociação de dívidas, como a campanha de abril que beneficiou mais de 6 milhões de clientes com descontos de até 99%.
Segundo o Nubank, a empresa ocupa há quatro trimestres a melhor posição no ranking de reclamações do Banco Central, é campeã por oito anos consecutivos na categoria Bancos e Cartões Digitais do Prêmio Reclame Aqui e possui o selo RA 1000, que reconhece a excelência no atendimento.