CPMI quer ouvir piloto de jatinho usado por Weverton e lobista do INSS
Comissão aponta Careca como um dos principais articuladores do golpe, estimado em R$ 6 bilhões
Por: Redação
07/10/2025 • 10:46
A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que apura irregularidades no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) deve votar, na próxima quinta-feira (9), a convocação do piloto Reissanluz Sousa de Oliveira. Ele é apontado como um dos profissionais que mais realizaram voos em um jatinho utilizado pelo senador Weverton Rocha (PDT-MA) e pelo lobista Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como Careca do INSS.
O avião em questão, um Beech Aircraft modelo F90, avaliado em R$ 2,8 milhões, teria sido usado tanto pelo parlamentar quanto pelo lobista, investigado por envolvimento em um esquema bilionário de fraudes contra aposentados e pensionistas. A aeronave pertence ao advogado Erik Marinho, que atua na defesa do Careca do INSS no Supremo Tribunal Federal (STF) no âmbito da Operação Sem Desconto.
Conforme documentos obtidos pela CPMI, Careca do INSS teria viajado no jatinho pelo menos duas vezes em 2024 nos dias 2 de fevereiro e 13 de julho, em voos partindo de um aeroporto executivo em São Paulo. Já o senador Weverton Rocha foi flagrado desembarcando da mesma aeronave em 1º e 15 de setembro, no Aeroporto Internacional de Brasília, após trajetos realizados entre São Luís (MA) e a capital federal.
Além de Reissanluz, o relator da CPMI, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), também solicitou a convocação do piloto Henrique Traugott Binder Galvão, ligado à Confederação Nacional de Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer). Ele é apontado como responsável por diversos voos realizados para Silas da Costa Vaz, acusado de ser um dos operadores do esquema de descontos indevidos a beneficiários do INSS.
Nos requerimentos, Gaspar destacou que os pilotos ocupam uma posição estratégica nas investigações, já que sabem quem utilizava as aeronaves e com que frequência, o que pode esclarecer conexões entre políticos, empresários e os suspeitos de participação nas fraudes.
O Careca do INSS já havia prestado depoimento à CPMI em 25 de setembro, quando negou qualquer envolvimento com o esquema e afirmou não manter relações com parlamentares. “Não existe essa rede de relacionamento minha com deputados ou senadores. Eu não trabalho com o governo, em nenhuma esfera”, declarou.
O lobista admitiu apenas ter visitado a casa de Weverton Rocha em uma ocasião, afirmando que a reunião tratava da representação de uma marca internacional de produtos à base de cannabis.
Mesmo com as negativas, a CPMI aponta Careca como um dos principais articuladores do golpe, estimado em R$ 6 bilhões. As investigações indicam que ele seria dono de call centers usados para atrair aposentados e pensionistas, cobrando comissões de até 27,5% sobre os valores descontados de forma irregular.
O caso levou à queda do então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, e à demissão do ex-ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, após a revelação do escândalo.
Relacionadas