Lula e Trump conversam por telefone em meio a tensão comercial
Presidentes discutem tarifaço sobre produtos brasileiros e possível encontro presencial; clima foi amistoso
Por: Redação
06/10/2025 • 13:59
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) conversou por telefone, nesta segunda-feira (6), com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em meio ao impasse diplomático causado pela sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros exportados aos EUA. A ligação durou cerca de 30 minutos e ocorreu às 10h30, diretamente do Palácio da Alvorada, com a presença do vice-presidente Geraldo Alckmin, dos ministros Fernando Haddad (Fazenda), Mauro Vieira (Relações Exteriores), Sidônio Palmeira (Secom) e do assessor especial Celso Amorim.
Segundo nota oficial divulgada pelo Palácio do Planalto, a conversa foi “amistosa” e tratou de temas comerciais e diplomáticos. Lula convidou Trump para participar da COP30, que será realizada em Belém (PA), em novembro, e solicitou a retirada da tarifa imposta aos produtos nacionais.
“O presidente Lula descreveu o contato como uma oportunidade para restaurar as relações amigáveis de 201 anos entre as duas maiores democracias do Ocidente”, diz o comunicado.
Trump, por sua vez, designou o secretário de Estado, Marco Rubio, para dar sequência às negociações com autoridades brasileiras. Os presidentes também trocaram contatos pessoais para manter uma comunicação direta e manifestaram interesse em se reunir pessoalmente em breve, possivelmente durante a Cúpula da Asean, na Malásia.
Tarifaço e tensões diplomáticas
A sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros passou a valer em 6 de agosto, afetando cerca de 36% das exportações para os Estados Unidos. O governo americano justificou a medida com base em “questões econômicas e políticas”, incluindo divergências relacionadas ao caso do ex-presidente Jair Bolsonaro e à “liberdade de expressão de cidadãos americanos”.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, classificou a conversa entre os líderes como “positiva” e ressaltou que o Brasil busca uma solução diplomática e equilibrada para o tema.
Relação cautelosa
Desde a eleição de Donald Trump, em 2024, as relações entre Brasília e Washington têm sido marcadas por prudência e divergências. Diplomatas brasileiros avaliam que o contato direto entre os presidentes representa um passo importante para reconstruir a confiança mútua e estabelecer novas bases para o diálogo comercial e político.
Apesar das tensões, Lula afirmou na Assembleia Geral da ONU que o Brasil mantém independência do Judiciário e soberania nacional, mas está aberto ao diálogo com o governo norte-americano. Entre os temas de interesse mútuo, estão a regulação de big techs e a exploração de terras raras, pontos estratégicos para ambos os países.
Relacionadas