O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), passou a atuar como principal mediador nas conversas entre o Centrão e o governo federal, em meio ao processo de reorganização da base aliada conduzido pelo Palácio do Planalto.

Segundo apuração, Motta iniciou uma série de reuniões com líderes do bloco para redefinir a ocupação de cargos dentro do governo, alinhando a nova correlação de forças com o grau de apoio de cada partido ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A estratégia foi discutida diretamente com a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, em encontro realizado na última segunda-feira (13). O movimento ocorre após a derrota do governo na votação da medida provisória que buscava conter a alta do IOF, episódio que expôs fragilidades na articulação política do Executivo.

Nova articulação política busca reforçar base governista e reduzir desgastes no Congresso

De acordo com fontes próximas às negociações, Motta recebeu sinal verde para tratar de indicações e realocações de cargos com deputados e lideranças partidárias, prática semelhante à adotada por antigos presidentes da Câmara. A medida tem como objetivo reconstruir uma base sólida de sustentação nas próximas votações.

Em entrevista recente, Gleisi confirmou a intenção do Planalto de “reorganizar a base aliada com responsabilidade”, deixando claro que o apoio parlamentar será condição para permanência de partidos e líderes em cargos estratégicos. “Quem quiser estar no governo deverá ser voto do governo no Congresso”, afirmou a ministra.

Interlocutores afirmam que Motta tem destacado sua limitação nas tratativas, já que não participou da divisão original de espaços conduzida pelo antecessor, Arthur Lira (PP-AL). Ainda assim, o deputado paraibano tenta se consolidar como figura-chave na retomada da articulação entre o Planalto e o bloco que domina parte expressiva da Câmara.