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Airbnb e Booking são acusadas de lucrar com hospedagens em terras indígenas

Aldeia Xandó, na Terra Indígena Barra Velha, vive expansão turística irregular

Por: Redação

11/11/202514:09Atualizado

As plataformas de hospedagem Airbnb e Booking são apontadas por lucrarem com anúncios de casas de praia localizadas em território indígena arrendado de forma ilegal, nas proximidades de Caraíva, um dos destinos mais procurados do extremo sul da Bahia.

Foto Airbnb e Booking são acusadas de lucrar com hospedagens em terras indígenas
Foto: Divulgação / Prefeitura de Porto Seguro

De acordo com levantamento feito pela Folha de São Paulo, cerca de 60 acomodações estão disponíveis nas plataformas dentro da aldeia Xandó, área pertencente à Terra Indígena Barra Velha, homologada em 1991 e vizinha a Caraíva.

Com o avanço do turismo e a saturação do balneário, o Xandó passou a registrar forte especulação imobiliária. Indígenas da etnia Pataxó venderam e arrendaram lotes a terceiros, apesar da proibição legal.

Procurada, a Booking declarou ter aberto investigação interna sobre as ofertas na região e se colocou à disposição para colaborar com as autoridades. Disse ainda que, conforme o resultado da apuração, pode remover anúncios da plataforma. Já o Airbnb informou que cumpre a legislação vigente e não possui ingerência sobre as propriedades anunciadas.

 

Expansão turística e proibições legais

O arrendamento de terras indígenas é vedado pelo Estatuto do Índio e pela lei 14.701, sancionada em 2023. A norma prevê que parcerias com não indígenas sejam possíveis apenas se beneficiarem toda a comunidade e tiverem registro na Funai.

Em nota, o Ministério dos Povos Indígenas reforçou que a prática é proibida e afirmou estar em busca de uma solução negociada com os Pataxó, garantindo autonomia territorial e segurança à aldeia.

 

Presença do crime organizado

Além dos conflitos fundiários, a região enfrenta a presença do Comando Vermelho, facção que, segundo relatos de moradores e integrantes do governo, utiliza o território como ponto estratégico para o tráfico de drogas.

Operações recentes da Polícia Federal e das forças estaduais resultaram em confrontos, prisões e apreensão de armas de grosso calibre. O Ministério da Justiça classificou o material recolhido como um “arsenal de guerra”.

A Funai, por sua vez, prepara um novo levantamento sobre a ocupação irregular da área, com o objetivo de embasar o processo de desintrusão até o fim do atual mandato presidencial. A proposta é que o procedimento ocorra de forma dialogada, com alternativas econômicas sustentáveis, como o turismo ecológico e o fortalecimento de cadeias produtivas locais.