Sílvio Humberto cobra planejamento e critica “cidade da especulação”
Vereador defende visão coletiva para Salvador e alerta: “a pobreza tem cor e o racismo mantém hierarquias sociais”
Por: Domynique Fonseca
22/10/2025 • 12:50
O vereador Sílvio Humberto (PSB), doutor em Economia pela Unicamp e mestre pela UFBA, foi o convidado desta quarta-feira, 22, no programa Portal Esfera no Rádio, transmitido pela Itapoan FM (97,5) e comandado por Luis Ganem. Em seu quarto mandato na Câmara Municipal de Salvador, o parlamentar destacou a importância da coerência política e fez críticas contundentes à falta de planejamento urbano da capital baiana.
“Eu diria que, ao longo dos quatro mandatos, a palavra que melhor define meu trabalho é coerência. Nós seguimos com lado, princípios e compromisso com a cidade”, afirmou. Para Sílvio, a atual administração tem agido de forma “reativa” e sem visão de longo prazo.
Segundo o vereador, a prefeitura tem evitado discutir com a sociedade projetos fundamentais para o futuro da cidade, como o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU).
“Pagaram três milhões de reais à Fundação Getúlio Vargas para conduzir esse debate, mas o plano de 2016 segue sem atualização. A pergunta que não quer calar é: por que se tem medo de discutir com a cidade?”, questionou.
Sílvio Humberto também criticou o que chamou de “governo da especulação imobiliária”. Para ele, Salvador vem perdendo sua identidade e suas áreas verdes em nome de empreendimentos de alto padrão.
“Estamos vivendo um remake de Selva de Pedra. A cidade se tornou refém da construção civil e do mercado de luxo, enquanto a maioria da população luta para sobreviver com um salário mínimo”, disse.
O edil defende uma política urbana inclusiva, que enfrente as desigualdades raciais e sociais. “A pobreza tem cor, assim como a riqueza também tem. Ou enfrentamos o privilégio branco da cidade, ou permaneceremos presos a um círculo vicioso de exclusão”, alertou.
Na entrevista, Sílvio ainda destacou a necessidade de repensar o modelo de turismo e desenvolvimento econômico de Salvador. Para ele, o discurso de “capital afro” precisa se traduzir em práticas reais de inclusão.
“Salvador é chamada de capital afro, mas é a capital da ‘afroconveniência’. O dinheiro e a população negra seguem como linhas paralelas não se encontram. Isso precisa mudar”, concluiu.