O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, tem atuado há pelo menos seis meses para que os Estados Unidos incluam o Comando Vermelho na lista de organizações narcoterroristas. A medida, defendida por Castro junto ao governo de Donald Trump, busca aplicar às facções criminosas brasileiras as mesmas sanções impostas a grupos terroristas internacionais.

O governo federal, no entanto, é contrário à proposta. Segundo fontes ligadas ao Palácio do Planalto, há receio de que a classificação possa abrir brechas para sanções contra empresas, bancos ou até contra o próprio Brasil, caso Washington entenda que o país não está combatendo o crime organizado com a devida eficácia situação semelhante à enfrentada por nações como o Irã.

Autoridades federais também avaliam que a medida poderia justificar ações externas dos Estados Unidos em território brasileiro, sob o argumento de combate ao narcoterrorismo, cenário já observado na Venezuela.

Mesmo diante da resistência do Planalto, Castro e outros governadores alinhados à direita pretendem manter a pressão. Eles articulam a inclusão da proposta em uma emenda ao projeto de lei antifacção que será encaminhado pelo governo Lula ao Congresso Nacional.

No início de 2025, a gestão fluminense enviou à embaixada norte-americana em Brasília um relatório intitulado “Análise Estratégica: Inclusão do Comando Vermelho nas listas de avaliações e designações dos EUA”. O documento argumenta que “a crescente sofisticação, transnacionalidade e brutalidade do Comando Vermelho colocam a facção dentro dos critérios estabelecidos pelas autoridades dos EUA para sanções econômicas, designações terroristas e bloqueios de ativos”.