Lula abre Assembleia da ONU em meio à pior crise com os EUA
Presidente deve defender soberania, multilateralismo e clima após sanções de Washington a autoridades brasileiras.
Por: Redação
23/09/2025 • 09:23 • Atualizado
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), abre nesta terça-feira (23), em Nova York, a 80ª Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU). Desde 1955, o Brasil mantém a tradição de ser o primeiro país a discursar, seguido pelos Estados Unidos. Esta será a décima vez que Lula assume o púlpito da ONU para abrir os debates globais.
A participação ocorre em um momento de forte tensão diplomática entre Brasil e Estados Unidos, após a Casa Branca anunciar sanções contra exportações brasileiras e a revogação de vistos de familiares do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, além de restrições ao advogado-geral da União, Jorge Messias, e outras autoridades. As medidas, tomadas no âmbito da Lei Magnitsky, foram interpretadas como retaliação à condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), decisão que desagradou o governo Trump.
Lula chega à ONU acompanhado de uma comitiva de ministros, entre eles Mauro Vieira (Relações Exteriores), Marina Silva (Meio Ambiente), Márcia Lopes (Mulheres), Jader Barbalho (Cidades), Sônia Guajajara (Povos Indígenas) e Ricardo Lewandowski (Justiça e Segurança Pública). Parte da delegação enfrentou dificuldades para obter vistos devido às restrições impostas por Washington.
No discurso, Lula deve defender o multilateralismo, a soberania nacional e a cooperação internacional, além de propor reformas no Conselho de Segurança da ONU. Outro ponto central será a agenda ambiental, com destaque para a COP30, marcada para novembro em Belém (PA). O presidente também deve reforçar críticas ao aumento de tarifas americanas e reafirmar o princípio da não intervenção em assuntos internos de outros países.
Apesar de dividirem a tribuna, não há expectativa de encontro formal entre Lula e Donald Trump. Segundo assessores da Presidência, no máximo poderá ocorrer um aperto de mãos, já que a agenda do líder americano é controlada pelo Serviço Secreto, o que pode até mesmo evitar encontros casuais nos corredores da ONU.
O Brasil é tradicionalmente o primeiro país a discursar na abertura da Assembleia Geral da ONU desde 1955.
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