Com a pressão internacional devido ao seu programa nuclear, o Irã e a Rússia fecharam um acordo bilionário para a construção de quatro novas usinas nucleares. O anúncio do pacto ocorreu na sexta-feira (26), durante o fórum Semana Atômica Mundial em Moscou.

As novas instalações deverão ter uma capacidade energética superior à da única central atômica iraniana em operação, localizada em Bushehr, conforme informou Behrouz Kamalvandi, porta-voz da Organização de Energia Atômica do Irã (AEOI). O custo total do acordo entre Teerã e Moscou está estimado em US$ 25 bilhões (aproximadamente R$ 134 bilhões), segundo a mídia estatal russa.

O anúncio da parceria acontece em um dia crucial para o Irã, já que o Conselho de Segurança da ONU se reunirá nesta mesma sexta-feira para debater a possível reimposição de sanções contra o país. A pressão por essa medida partiu do chamado grupo E3, composto por Alemanha, França e Reino Unido.

Essas nações acusam o Irã de não estar cumprindo o Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA), o acordo nuclear assinado em 2015 entre o governo do aiatolá Ali Khamenei e potências globais.

O JCPOA visava suspender parte das sanções econômicas contra o Irã em troca da cooperação e restrições ao seu programa nuclear. Em 2018, no entanto, os Estados Unidos, sob a presidência de Donald Trump, se retiraram unilateralmente do pacto e retomaram as punições contra Teerã.

Para evitar a reimposição das sanções da ONU, as principais exigências feitas ao Irã incluem retomar as negociações com os EUA. Além de conceder acesso total a inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) às instalações nucleares e a permissão  da verificação do estoque e enriquecimento de urânio.

Posição Iraniana e os Conflito

O programa nuclear iraniano, que inclui o enriquecimento de urânio, foi um ponto central na escalada de tensão com Israel em julho deste ano, quando ataques israelenses foram direcionados a instalações de enriquecimento. Os confrontos resultaram na interrupção das conversas nucleares entre Teerã e Washington.

O regime iraniano insiste que seu programa tem fins exclusivamente pacíficos e o líder supremo, aiatolá Ali Khamenei, já afirmou que o país continuará com o enriquecimento de urânio, descartando qualquer possibilidade de retomar as discussões com os Estados Unidos.