“Sem glúten” é sempre melhor?
Pesquisa da USP mostra que não é bem assim
Por: Ana Beatriz Fernandez Martinez
19/07/2025 • 19:00
Consumir produtos sem glúten ainda é visto por muitos como moda ou “frescura”, mas essa percepção está longe de refletir a complexidade do tema. Embora a dieta sem glúten seja essencial para quem tem doença celíaca, estudos mostram que a redução dessa proteína pode trazer benefícios para outras condições de saúde, como problemas gastrointestinais, enxaquecas, e até questões dermatológicas.
Mas o que acontece quando a moda se sobrepõe à necessidade?
Foi o que a nutricionista Tainá Fernandes Drub quis investigar em seu mestrado pela USP, dentro do PRONUT (Programa de Pós-graduação Interunidades em Nutrição Humana Aplicada). Com orientação da professora Denise Cavallini Cyrillo, Tainá analisou a percepção de consumidores leigos sobre os produtos sem glúten e revelou dados surpreendentes — e preocupantes.
A pesquisadora constatou que há uma grande desinformação entre quem adota a dieta “gluten free” sem prescrição médica. Muitos associam a ausência de glúten à ideia de “produto saudável”, “mais leve”, ou até mesmo acreditam que o glúten se transforma em açúcar no organismo — o que é falso. O glúten é uma proteína, não um carboidrato.
A popularização da dieta sem glúten entre pessoas sem intolerância tem um efeito colateral grave: o aumento do chamado preço premium. Como esses produtos são consumidos amplamente, a indústria eleva os preços — e quem mais sofre são justamente os celíacos, que não têm escolha e precisam desses alimentos por toda a vida.
Na prática, o que pode promover perda de peso é a redução de alimentos ultraprocessados ricos em calorias, como pães e massas. Muitos produtos sem glúten, aliás, possuem mais gordura do que suas versões tradicionais.
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