"Compositores são personagens muito invisíveis na música", diz Manno Góes
Com mais de uma década na diretoria da UBC, músico está em seu último mandato
Por: Domynique Fonseca
16/10/2025 • 15:00 • Atualizado
No programa Portal Esfera no Rádio, transmitido pela Itapoan FM (97,5) nesta quinta-feira (16), apresentado por Luis Ganem, o cantor, compositor, produtor e escritor, Manno Góes, autor de grandes sucessos da música brasileira como “Mila”, “Praieiro” e “De Bandeja”, falou sobre a importância dos direitos autorais e a valorização dos compositores brasileiros, tema que ele acompanha de perto como diretor da União Brasileira de Compositores (UBC).
“Os autores são personagens muito invisíveis na cadeia da música. É fundamental que pessoas competentes e comprometidas trabalhem pelo reconhecimento do valor dos compositores. É isso que faço na UBC com muito orgulho, porque nada do que ouvimos nas rádios existiria sem os criadores das canções”, afirmou Manno.
Com uma caminhada de mais de uma década na diretoria da UBC, o músico está em seu último mandato na entidade. Ele destacou o aprendizado e o envolvimento direto em discussões sobre projetos de lei e emendas parlamentares que podem afetar os direitos intelectuais dos artistas.
“Muitas vezes, há uma falta de compreensão sobre o tema. Por isso, estou sempre em Brasília dialogando com deputados e senadores para defender o direito autoral, que é essencial para a sobrevivência dos criadores”, explicou.
Durante o bate papo, Manno também defendeu o trabalho realizado pelo ECAD (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição), responsável pela gestão dos direitos autorais musicais no país. Ele ainda ressaltou o processo de modernização do órgão e criticou a falta de informação que, segundo ele, favorece quem busca burlar a lei.
“O ECAD é uma instituição séria, com auditorias constantes e processos transparentes. Hoje, com a tecnologia, tudo é mais acessível. O problema é que a ignorância no sentido de desconhecimento acaba ajudando quem tem interesse em não pagar os direitos autorais, como donos de rádios e promotores de eventos”, declarou.
O compositor destacou que o modelo brasileiro é referência internacional, citado por países como Inglaterra, Suécia e Noruega, e reforçou a importância da união entre artistas.
“A UBC nasceu em 1942 com nomes como Braguinha e Noel Rosa justamente para dar dignidade aos autores. Hoje, seguimos com esse propósito, promovendo debates, oficinas e ações de apoio aos compositores mais velhos”, disse.
Por fim, Manno lembrou ainda de sua trajetória dentro da UBC, da qual se tornou o primeiro nordestino a integrar a diretória, e celebrou o atual momento da instituição, presidida pela cantora Paula Lima.
“Foi o meu talento e a minha dedicação à composição que me levaram à diretoria da UBC. Tenho muito orgulho dessa história e sigo acreditando que, com organização, honestidade e trabalho conjunto, é possível fazer a diferença”, concluiu.