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Manno Góes fala sobre legado do Axé e luta por direitos autorais

Compositor lembrou que, há mais de duas décadas, entre as 50 músicas mais executadas em apresentações no Brasil, cerca de 20 são do Axé

Por: Domynique Fonseca

16/10/202519:00

O cantor, produtor e compositor, Manno Góes, autor de hits que influenciaram gerações como "Mila", "Praieiro" e "De Bandeja", marcou presença no programa Portal Esfera no Rádio, apresentado por Luis Ganem na Itapoan FM (97,5). O artista falou sobre a força do Axé Music e a importância da valorização dos direitos autorais no Brasil.

Foto Manno Góes fala sobre legado do Axé e luta por direitos autorais
Foto: Pedro Henrique/Portal Esfera

De acordo com Manno Goés, o Axé continua ocupando um espaço afetivo e relevante na cultura nacional, mesmo diante das transformações do mercado musical.

“O Axé é um segmento de muito valor na nossa história aqui na Bahia. Agora, com o Dia Nacional do Axé sancionado pelo presidente, em 17 de fevereiro, teremos uma data simbólica para celebrar esse legado. Mesmo com outras tendências dominando as rádios, o Axé permanece vivo é tocado em shows, casamentos, festas e feiras pelo país inteiro”, afirmou.

O compositor lembrou que, há mais de duas décadas, entre as 50 músicas mais executadas em apresentações no Brasil, cerca de 20 são do Axé.

“Isso mostra a força do nosso movimento e o quanto o Axé deixou marcas profundas na música brasileira. Salvador, nos anos 80, pós-ditadura, revelou tantos artistas sem precisar sair daqui. O termo Axé Music deu nome e legitimidade a esse fenômeno. Criou identidade”, destacou.

Mesmo acompanhando novos estilos, Manno vê com respeito o surgimento de outros gêneros.

“Eu gosto de trap, de hip hop, embora não seja o que eu faça. Acho interessante e autêntico. Mas acredito que o segredo está na verdade do artista. O importante é ser orgânico, fiel à própria essência”, disse.

No bate papo, o músico também falou sobre os desafios atuais do setor com a transição das mídias físicas para o digital.

“A mudança trouxe prejuízos aos músicos. O Brasil é um dos poucos países que paga direitos conexos, mas a distribuição se tornou desigual. Plataformas de streaming ainda não repassam esses valores de forma justa. A UBC vem lutando por isso”, explicou.

Manno, que é diretor da União Brasileira dos Compositores (UBC), lembrou o papel fundamental da entidade no apoio aos artistas, especialmente durante a pandemia.

“A UBC segurou a onda, ajudando autores quando os shows pararam. Mas muitos músicos ficaram sem renda porque não contavam com os direitos conexos. A gente segue batalhando para que isso mude”, afirmou.

O artista ressaltou a importância de reconhecer o trabalho dos compositores, que ainda são pouco visíveis.

“O público é simpático a quem compõe, mas há muito desconhecimento. Existem leis que obrigam rádios a citar o nome dos autores, mas quase nenhuma cumpre. Só a Rádio Educadora e a Rádio Globo fazem isso em Salvador. É uma luta constante pela valorização de quem cria as canções que todos ouvem”, concluiu.