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Caruru de Cosme e Damião completa 1 ano como patrimônio da Bahia

Título busca reconhecer a importância da data para a cultura baiana

Por: Redação

27/09/202514:35Atualizado

Em 2025, o caruru dedicado a São Cosme e São Damião completa um ano como patrimônio cultural imaterial da Bahia O registro, formalizado em setembro de 2024 pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (IPAC), busca reconhecer a importância da data para o diálogo com as comunidades que preservam essa tradição secular, além de garantir a proteção de um dos rituais mais populares da cultura baiana.

caruru de São Cosme e São Damião
Foto: Fernando Barbosa/Ascom IPAC

O caruru acontece todo ano no mês de setembro, em devoção a São Cosme e São Damião, santos sincretizados com os Ibejis (orixás gêmeos) nas religiões de matriz africana. A festa é realizada em famílias, terreiros e comunidades. Em celebração, na data é preparado o típico prato, que leva quiabo, camarão seco, cebola, castanha, amendoim e azeite de dendê. 

Além disso, a cerimônia envolve também a preparação da comida, a organização da mesa, preces, cantos e a partilha coletiva. Um gesto central é servir primeiro as "sete meninas" ou os "sete meninos", simbolizando a proteção à infância, atributo dos santos gêmeos.

O reconhecimento oficial vai além da culinária, valorizando um complexo sistema de saberes e práticas, resultado do encontro entre matrizes indígenas e africanas, que moldaram a identidade baiana. 

Relatos do século 19 mostram que o caruru já era uma festa consolidada em Salvador e no Recôncavo, realizada em casas e espaços comunitários. A celebração sempre reuniu vizinhos, com música, samba, rezas e distribuição de doces, deixando em evidência que a dimensão coletiva é um dos pontos fortes do evento, fortalecendo os laços comunitários.

“O reconhecimento representa a valorização de uma tradição secular profundamente enraizada em nossa identidade. Ao ser registrado como patrimônio, asseguramos não apenas a originalidade desse banquete, mas também a riqueza de seu diálogo com o sincretismo religioso, uma das marcas mais expressivas da cultura baiana”, destacou o diretor-geral do IPAC, Marcelo Lemos.