De acordo com o ex-auxiliar de manutenção, o comandante do voo que utilizou a aeronave na noite de 8 de agosto de 2024, antes do acidente, informou à equipe de manutenção sobre problemas no sistema de degelo, que impede a formação de gelo nas asas do avião. No entanto, essa falha não foi registrada no diário de bordo técnico (TLB), o que, segundo o relato, fez com que a manutenção necessária não fosse realizada antes do voo fatal.
O TLB, ou livro técnico de bordo, é um documento obrigatório que registra todas as ocorrências mecânicas de uma aeronave, e a omissão da falha no registro impediu que a liderança do hangar tomasse as providências adequadas durante a madrugada do acidente.
Em depoimento, o ex-funcionário contou que o comandante que operou o voo 2293, realizado na noite anterior, havia relatado que o sistema de degelo da aeronave apresentava um "airframe fault", ou falha no sistema de degelo. Ele mencionou que, mesmo tentando ativar o sistema, ele se desarmava automaticamente, o que tornava a aeronave inadequada para o voo, especialmente para um trajeto em que a formação de gelo era prevista.
Segundo o Regulamento Brasileiro da Aviação Civil, o funcionamento correto do sistema de degelo é essencial para a segurança de voos, especialmente em regiões onde a formação de gelo é comum, como era o caso do trajeto do voo 2283 da Voepass, que se dirigia a Cascavel no dia do acidente.
A cronologia da aeronave, de acordo com os relatos e dados oficiais, segue abaixo:
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00h12: A aeronave decola de Guarulhos.
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1h00: O avião pousa em Ribeirão Preto, onde o comandante relata problemas no sistema de degelo.
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Entre 1h e 5h30: A aeronave permanece no hangar para manutenção básica, mas a falha não é investigada, pois não foi formalizada por escrito.
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5h32: O avião decola de Ribeirão Preto.
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6h35: A aeronave pousa novamente em Guarulhos.
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8h20: A aeronave decola de Guarulhos em direção a Cascavel.
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11h56: O avião decola de Cascavel, com destino a Guarulhos.
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13h22: A aeronave cai em Vinhedo.
O relato sobre a falha no sistema de degelo, somado à falta de registro adequado, levanta questões sobre a investigação da manutenção da aeronave antes do desastre. A tragédia destaca a importância de uma supervisão rigorosa e de um acompanhamento detalhado das condições das aeronaves, para garantir a segurança dos passageiros.