Mão de obra será formada nas comunidades locais
De acordo com o CEO da empresa responsável pela obra, o recrutamento priorizará trabalhadores da própria região. Ele adiantou que a empresa já está se articulando com instituições públicas para viabilizar a qualificação da mão de obra ainda este ano.
"Sem dúvida alguma, boa parte da mão de obra será local. A gente tem programas de formação de mão de obra sendo planejados e estruturados conjuntamente com o município, com o Estado e com o Senai", afirmou Cláudio Villas Boas.
A capacitação será implementada de forma progressiva conforme a obra avança, com o objetivo de empregar o maior número possível de moradores da região da ilha de Itaparica e entorno. Os cursos devem ser realizados em parceria com o Senai, com apoio dos governos estadual e municipal.
Travessia em 10 minutos e tarifa similar ao ferry
Durante a entrevista, o executivo também detalhou o valor estimado do pedágio, que deve ser semelhante ao praticado atualmente pelo ferry-boat que faz a ligação entre Salvador e a ilha.
"A tarifa foi definida pelo governo da Bahia no edital com o racional de equalizar com a tarifa do ferry-boat. Só para referência, um carro pequeno que cruza pelo ferry-boat paga em torno de R$ 50, incluindo o motorista. Cada passageiro adicional tem que pagar. No caso da concessão rodoviária, a tarifa de pedágio hoje seria aproximadamente R$ 50, só que está incluso todos os passageiros do carro", disse Villas Boas.
Além do custo similar, a ponte também vai proporcionar agilidade na travessia, com um tempo estimado de apenas 10 minutos para cruzar a Baía de Todos-os-Santos. Essa economia de tempo será um diferencial para quem faz o trajeto frequentemente.
"Ou seja, tem um benefício econômico também para aqueles usuários do ferry-boat, embora a tarifa seja semelhante. Adicionalmente, você vai fazer uma travessia em 10 minutos", completou o executivo.
Contrato de 35 anos autoriza cobrança de pedágio até 2060
O contrato de parceria público-privada (PPP) entre o governo da Bahia e a concessionária foi assinado em junho, formalizando o início da nova etapa do projeto. A empresa, formada por duas grandes companhias chinesas, será responsável pelo investimento e pela exploração do pedágio por até 35 anos, até 2060. Caso a ponte seja inaugurada em 2031, o prazo restante de concessão será de 29 anos.
Moradores da ilha terão desconto na tarifa
A concessão prevê um desconto progressivo para usuários frequentes, com o objetivo de beneficiar os moradores da ilha que se deslocam rotineiramente até Salvador. O modelo prevê um incentivo específico para quem fizer o trajeto de ida e volta em um curto intervalo.
"Está previsto, também no edital, o que a gente chama de ‘tarifa do usuário frequente’. Quem usar a ponte nos dois sentidos, no intervalo de 24 horas, vai pagar a tarifa cheia na primeira passagem, e na volta paga somente 10%. É um incentivo, um facilitador para quem tem o interesse de residir do outro lado da Baía de Todos-os-Santos e frequentar a região metropolitana", explicou Villas Boas.
A medida poderá beneficiar trabalhadores, estudantes e outros grupos que vivem na ilha e atuam em Salvador, promovendo maior integração metropolitana e reduzindo os custos com deslocamento diário.
Obra ainda não tem data para inauguração
Apesar do avanço com a assinatura do aditivo contratual, a obra ainda está em fase preparatória e não tem data definida para a inauguração. A expectativa é que o projeto avance nos próximos meses com a instalação dos canteiros e o início das ações de formação de mão de obra.
A Ponte Salvador-Itaparica é considerada estratégica para o desenvolvimento regional e deve transformar as dinâmicas de transporte e mobilidade entre a capital baiana e o Recôncavo. A travessia rápida e o acesso facilitado têm potencial para impulsionar o turismo, o comércio e a circulação de serviços, além de promover um novo modelo de ocupação urbana entre as duas margens da baía.