A Creche da Baixa da Candeia, em Alagoinhas, no interior da Bahia, teve seu projeto pedagógico reconhecido nacionalmente como uma das 739 experiências mais inspiradoras de educação integral em tempo integral do país. Intitulado de “Educação antirracista enquanto elemento estruturante do currículo”, o projeto foi selecionado pelo Ministério da Educação (MEC) e será apresentado em uma mostra nacional nos dias 1º e 2 de outubro, na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

A iniciativa será também incluída em um mapa interativo com experiências de todo o Brasil e foi avaliada por uma comissão de especialistas em seis eixos: gestão democrática, currículo integrado, diversidade e inclusão, territórios e saberes, gestão administrativa e articulação em rede.

A coordenadora pedagógica Iranildes Barreto destaca que o reconhecimento demonstra a possibilidade de desenvolver o antirracismo desde a primeira infância, com um trabalho comprometido com a comunidade e focado na valorização das crianças. Já a diretora interina, Zuleide Paz, ressalta que as ações impactam não apenas os alunos, mas também toda a comunidade envolvida.

Em execução desde 2023, o projeto inclui práticas como formação leitora com protagonismo negro, educação ambiental, brincadeiras, vivências culturais e o fortalecimento da identidade das crianças. Entre as atividades, destaca-se o “Julho das Pretas”, em que os alunos homenageiam mulheres negras da comunidade que são referências de afeto, competência e força, como a vereadora Juci Cardoso, a modelo Juliana Persan, a cantora Gil Cardoso, e a cozinheira da própria creche, Karina Rodrigues.

A secretária de Educação do município, Rita Bastos, enalteceu o reconhecimento como uma conquista de toda a rede de ensino e um exemplo de como é possível aplicar o antirracismo de forma concreta na educação infantil, promovendo autoestima, respeito às diferenças e formação cidadã.

A vereadora Juci Cardoso também celebrou o projeto como instrumento de cumprimento da Lei 10.639/2003, que obriga o ensino da história e cultura afro-brasileira nas escolas. Para ela, iniciativas como essa são fundamentais em um município onde 84% da população se autodeclara negra ou parda, e mostram que a educação antirracista é essencial para a emancipação plena das crianças.