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COP30 começa com alerta sobre alta nas emissões e risco de aquecimento extremo

Conferência em Belém reúne líderes mundiais diante do desafio de conter o avanço do clima e ampliar compromissos sustentáveis

Por: Redação

10/11/202509:08

A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) tem início oficial nesta segunda-feira (10) e seguirá até o dia 21 de novembro em Belém. O evento ocorre após meses de preparativos e chega em um momento em que o planeta enfrenta recordes de temperatura e aumento nas emissões de gases de efeito estufa.

Foto COP30 começa com alerta sobre alta nas emissões e risco de aquecimento extremo
Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Nos últimos dias, um relatório da ONU voltou a alertar para o desequilíbrio climático global. Segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), o mundo segue no caminho de um aquecimento entre 2,3°C e 2,5°C, bem acima da meta de 1,5°C estabelecida no Acordo de Paris, em 2015. Pesquisadores apontam que, mesmo com avanços em energias renováveis, o consumo de combustíveis fósseis continua a crescer, especialmente na China e na Índia.

Dados do World Resources Institute reforçam que os compromissos assumidos pelos governos até 2035 ainda são insuficientes para impedir que a temperatura média global ultrapasse os limites críticos. Em paralelo, a Agência Internacional de Energia (AIE) projeta que o uso de carvão continuará em patamares recordes até 2027.

Avanços e contradições

Apesar do cenário preocupante, alguns indicadores mostram progresso. A AIE registrou um investimento global de US$ 2,2 trilhões em energia limpa no último ano, superando os aportes destinados aos combustíveis fósseis. O avanço de tecnologias sustentáveis e o barateamento de veículos elétricos também impulsionaram a transição energética.

A ex-enviada especial da Alemanha para o clima, Jennifer Morgan, destacou o papel das inovações no processo de adaptação. “Há dez anos, jamais imaginaríamos tamanha evolução tecnológica e a queda nos custos das energias renováveis”, afirmou. Mesmo assim, especialistas alertam que a expansão das fontes limpas ainda não é suficiente para substituir integralmente os combustíveis poluentes.

Cúpula de líderes define o tom da conferência

Durante a Cúpula de Líderes, realizada entre quinta (6) e sexta-feira (7), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforçou que o enfrentamento da crise climática depende de cooperação internacional. “A Terra é única. A humanidade é uma só. A resposta tem de vir de todos, para todos”, disse.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, criticou o papel de grandes corporações na manutenção da crise ambiental. Segundo ele, “muitas empresas lucram com a devastação climática, enquanto investem em lobby para impedir avanços concretos”.

O evento também contou com a presença do presidente do Chile, Gabriel Boric, que rebateu falas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre o negacionismo climático. Trump, que retirou os EUA do Acordo de Paris durante seu mandato, é uma das ausências marcantes da COP30.

Metas do Brasil e compromissos globais

No âmbito nacional, o Brasil apresentou suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) com metas de reduzir entre 59% e 67% das emissões de gases de efeito estufa até 2035, tomando 2005 como base. O país também pretende zerar o desmatamento ilegal até 2030 e eliminar todo o desmatamento até 2035.

O documento brasileiro reúne políticas públicas que envolvem os Três Poderes, com destaque para o Plano de Transformação Ecológica. Especialistas avaliam que as metas são realistas, mas defendem maior ambição diante do potencial de energia limpa e biodiversidade que o país possui.

Com líderes de todo o mundo reunidos em Belém, a COP30 será decisiva para avaliar se os compromissos globais conseguirão, de fato, frear a escalada do aquecimento e garantir um futuro climático sustentável.