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Brasil pressiona Argentina por extradição do “Mestre das Armas”

Considerado o maior traficante de armas da América do Sul, Diego Dirísio é acusado de vender milhares de fuzis ao PCC e ao Comando Vermelho

Por: Redação

03/11/202511:52

A extradição do argentino Diego Hernan Dirísio, conhecido como o “Mestre das Armas” na América do Sul, segue sem resposta por parte da Argentina, mesmo após quase dois anos de espera. O pedido foi feito pela Justiça Federal na Bahia, a partir de uma solicitação da Polícia Federal (PF), para que o acusado e a esposa, Julieta Vanessa Nardi Aranda, cumpram pena no Brasil.

Foto Brasil pressiona Argentina por extradição do “Mestre das Armas”
Foto: Reprodução/ Redes sociais

Apontado pela PF como o principal traficante de armas do continente, Dirísio é suspeito de ter fornecido mais de 43 mil armas para facções criminosas como o PCC (Primeiro Comando da Capital) e o Comando Vermelho (CV). As investigações apontam que o esquema movimentou R$ 1,2 bilhão em apenas três anos.

O superintendente da PF na Bahia, delegado Flávio Albergaria, afirmou em entrevista que a extradição seria um marco importante para o combate ao crime organizado. “Eles têm que responder perante à lei brasileira e cumprir a condenação no país. É uma resposta importante para as facções e o tráfico internacional de armas”, declarou.

O argentino é dono de uma empresa sediada no Paraguai, que comprava armas do Leste Europeu e as revendia para criminosos por meio de empresas de fachada. O esquema envolvia a importação de pistolas, fuzis e munições de fabricantes da Croácia, Turquia, República Tcheca e Eslovênia.

Prisão e impasse diplomático

Dirísio era o principal alvo da Operação Dakovo, deflagrada pela PF em dezembro de 2023, mas conseguiu fugir e entrou na lista de foragidos da Interpol. Somente em fevereiro de 2024 ele foi localizado e preso na Argentina, junto com a esposa. Desde então, o Brasil tenta sua extradição, mas ainda aguarda uma posição oficial do governo argentino.

Segundo o advogado criminalista e mestre em Direito Penal Econômico João Rafael Amorim, o tratado de extradição entre os dois países permite que o Brasil solicite o envio do preso, mas o fato de Dirísio ser argentino pode dificultar o processo. “A Argentina pode optar por não extraditar seus cidadãos, conforme previsto na legislação interna, o que pode atrasar a decisão”, explicou.

O especialista pondera, porém, que o tratado prevê uma alternativa. Caso a extradição seja negada apenas pela nacionalidade, o governo argentino deverá abrir processo interno, utilizando provas enviadas pelo Brasil. Ainda assim, o impasse revela o peso político e jurídico da disputa, que envolve diplomacia, segurança pública e combate ao tráfico internacional de armas.