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Intoxicação por metanol: entenda como o organismo reage a substância

Até o momento, Ministério da Saúde notificou 59 casos

Por: Redação

02/10/202516:50Atualizado

Com 59 casos até esta quinta-feira (2), pelo Ministério da Saúde, sendo 12 confirmados e 47 em investigação, tendo São Paulo como epicentro, mas notificações também no Distrito Federal e em Pernambuco, a intoxicação por bebidas alcoólicas contaminadas por metanol tem causado receio nos brasileiros nos últimos dias. Apesar de nenhum caso ter sido confirmado na Bahia, a recomendação é ficar de olho nos sinais do organismo à contaminação. 

Pessoa bebendo alcool
Foto: Reprodução/Pixabey

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Os primeiros sintomas da contaminação por metanol podem ser confundidos com os de uma ressaca forte, com o aparecimento de náuseas, dor abdominal, tontura e dor de cabeça. Justamente por assimilar aos efeitos do consumo excessivo de álcool, os pacientes tendem a não procurar atendimento médico nas primeiras 12 horas. No entanto, é nessa fase que o organismo começa a metabolizar o metanol no fígado, obtendo como subproduto o formaldeído, que em contato com o oxigênio forma o ácido fórmico, substância considerada extremamente tóxica.

Nas horas seguintes, aproximando-se das 24 horas do consumo, os efeitos da contaminação pelo ácido fórmico começam a atingir o sistema nervoso, em especial, a retina. Aqui, sintomas como visão borrada, fotofobia (sensibilidade extrema à luz) e até a sensação de enxergar pontos luminosos, como se fossem chuviscos, aparecem. Além disso, por serem de caráter ácido, a presença dos subprodutos no corpo faz com que o sangue passe por um processo de acidose metabólica, acarretando fraqueza, respiração rápida, confusão mental e sobrecarga dos sistemas cardíaco e respiratório.

Se o paciente não procurar assistência médica neste período, a intoxicação pelo ácido fórmico pode agravar, atingindo o sistema nervoso central, responsável por atuar como um centro de processamento do corpo, controlando atividades como a respiração, os movimentos, sentidos e batimentos cardíacos. É nesse momento que, se não tratada, a perda na visão pode se tornar irreversível. Se em 48 horas o paciente não tiver atendimento especializado, a sobrecarga no organismo pode levar a um quadro de falência múltipla e morte.

Em coletiva de imprensa nesta quinta-feira (2), o ministro da Saúde Alexandre Padilha destacou que, em caso de dor abdominal, visão adulterada, confusão mental e náusea, os cidadãos devem procurar o serviço de emergência mais próximo à sua casa para investigação, diagnóstico e tratamento adequado, informando que consumiu bebida alcoólica e o contexto (se esteve em uma festa antes de procurar atendimento no SUS, que tipo de bebida ingeriu, se havia rótulos nas embalagens e qual foi o horário da ingestão).  

Já a orientação para os profissionais médicos é ligar para o Centro de Informação e Assistência Toxicológica públicos (CIATox) de sua região para que o serviço de saúde faça a notificação e a investigação do caso. Além disso, o Ministério da Saúde recomenda a aplicação do etanol farmacêutico como antídoto para a contaminação.