Confira as 5 principais doenças que mais matam a população negra
Cinco enfermidades concentram grande parte das mortes entre pessoas negras no Brasil, aponta estudo
Por: Marcos Flávio Nascimento
20/11/2025 • 11:30
A população negra permanece como o grupo mais vulnerável às doenças crônicas no Brasil, consequência direta de desigualdades históricas que impactam renda, moradia, acesso à saúde e condições básicas de vida. Segundo o Instituo Brasileira de Geografia e Estatística (IBGE), pessoas negras representam 56,7% da população brasileira (dados da PNAD Contínua do 2º trimestre de 2024), porém seguem como o grupo que mais adoece e morre por causas evitáveis. A seguir, especialistas apontam as cinco principais enfermidades que mais afetam e matam essa população, reforçando a urgência de políticas públicas específicas.
1. Hipertensão arterial
A hipertensão é uma das doenças de maior incidência na população negra e permanece como uma das principais causas de AVC e infarto no país. Estudos nacionais mostram que pessoas negras têm maior predisposição genética para desenvolver pressão alta, mas o problema se agrava pela dificuldade de acesso à alimentação adequada, atividades físicas e acompanhamento regular com médicos. Em comunidades periféricas, a falta de unidades de saúde e o custo dos medicamentos elevam ainda mais o risco. A pressão alta não tratada continua sendo um dos maiores fatores de morte precoce entre homens e mulheres negras.
2. Diabetes mellitus
O diabetes tipo 2 também aparece com maior frequência entre pessoas negras e está diretamente associado a condições como pobreza alimentar, longas jornadas de trabalho e dificuldade de acesso a consultas e exames preventivos. Em muitos casos, o diagnóstico chega tarde e o tratamento é irregular. Isso aumenta a chance de amputações, cegueira, insuficiência renal e doenças cardiovasculares. Em projetos sociais de alfabetização e formação cidadã, como o liderado por mulheres negras em Feira de Santana, educadoras relatam casos de alunas que abandonam as aulas por complicações da doença, agravadas pela falta de medicamentos básicos.
3. Glaucoma
Entre a população negra, o glaucoma aparece como uma das principais causas de cegueira irreversível. A doença costuma ser silenciosa, o que exige acompanhamento oftalmológico regular. Entretanto, parte significativa da população negra depende exclusivamente do SUS e enfrenta filas extensas para consultas e exames de visão. O alto custo de colírios e tratamentos também impede a continuidade do cuidado. Quando o diagnóstico chega, na maioria das vezes, a visão já está comprometida de forma grave.
4. Doença falciforme
A doença falciforme é a enfermidade genética mais comum entre pessoas negras e uma das mais negligenciadas no Brasil. Ela causa dores intensas, infecções recorrentes, complicações cardiovasculares e limitações que afetam diretamente a rotina escolar e profissional. Por ser hereditária e exigir tratamento contínuo, a ausência de equipes de saúde especializadas e a dificuldade de transporte até centros de referência agravam o quadro. Crianças e adolescentes negros seguem como o grupo mais vulnerável às complicações severas.
5. Doenças cardiovasculares
O conjunto de doenças cardíacas aparece como uma das principais causas de morte no país e a população negra está entre as mais atingidas. A combinação de fatores sociais, racismo estrutural, estresse crônico, alimentação precária e falta de acesso à prevenção cria um cenário de alto risco. Adultos negros costumam chegar aos serviços de emergência já em situações graves, o que reduz a chance de recuperação.
As cinco doenças seguem como reflexo direto das desigualdades sociais, da baixa expectativa de vida e do acesso limitado ao sistema de saúde. Especialistas reforçam ao Portal Esfera que enfrentar esse cenário exige investimentos contínuos em políticas públicas, garantia de alimentação saudável, prevenção, acesso a exames e atuação direta nos territórios mais vulneráveis.
