A África do Sul deu um passo histórico no combate ao HIV. O governo anunciou a implementação do lenacapavir, uma injeção semestral com eficácia próxima de 100% na prevenção do vírus. O medicamento deve começar a ser oferecido à população a partir do início de 2026, marcando uma nova fase na política de saúde pública do país.

A decisão foi divulgada durante a reunião nacional “Acesso e Sustentabilidade do Lenacapavir”, promovida pelo Conselho Nacional Sul-Africano de Aids (SANAC) e pelo Departamento Nacional de Saúde, em parceria com o Unaids e outras organizações internacionais. O encontro, realizado nos dias 14 e 15 de outubro, em Joanesburgo, reuniu mais de 230 representantes do governo, sociedade civil, academia e organismos multilaterais.

Segundo o ministro da Saúde sul-africano, Aaron Motsoaledi, o objetivo é tornar o lenacapavir um “bem público acessível, barato e produzido localmente”. Ele destacou ainda que o governo pretende priorizar adolescentes e mulheres jovens, os grupos mais afetados pela epidemia. Na África do Sul, cerca de mil adolescentes e jovens mulheres são infectadas semanalmente pelo HIV.

O país é um dos nove selecionados no mundo para iniciar o uso do medicamento, como parte de uma estratégia do Fundo Global de Combate à Aids, Tuberculose e Malária. O programa visa alcançar dois milhões de pessoas em países de baixa e média renda.

Para a primeira etapa da implementação, a África do Sul receberá US$ 29 milhões, valor suficiente para atender 450 mil pessoas em 23 distritos com alta taxa de infecção, distribuídos por seis províncias.

A medida é considerada um marco na prevenção do HIV e representa uma das maiores inovações desde a criação dos antirretrovirais, com potencial de reduzir drasticamente o número de novas infecções e fortalecer a luta global contra a epidemia.