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Estudo liga carne ultraprocessada a risco de doenças

Uma porção por dia já aumenta chance de câncer e diabetes tipo 2

Por: Iago Bacelar

14/07/202517:00

Uma análise científica conduzida pela Universidade de Washington, nos Estados Unidos, e publicada na revista Nature Medicine, apontou que não há porção segura para o consumo diário de carnes ultraprocessadas. Segundo os dados, uma única porção por dia já representa risco aumentado de doenças graves, como câncer de intestino e diabetes tipo 2.

Estudo liga carne ultraprocessada a risco de doenças
Foto: Arquivo/Agência Brasil

A conclusão veio a partir da revisão de 78 estudos anteriores, com base em dados globais, e revelou que mesmo pequenas quantidades desses alimentos elevam significativamente o risco de doenças crônicas.

Carnes ultraprocessadas e seus impactos

Entre os principais produtos incluídos no grupo das carnes ultraprocessadas estão presunto, salsicha, mortadela, salaminho, bacon e outros embutidos industrializados. Esses alimentos passam por cura, defumação e recebem conservantes químicos, como nitritos e nitratos, para prolongar a validade. O problema é que essas substâncias estão associadas a inflamações, mutações celulares e alterações metabólicas.

A equipe responsável pelo estudo alertou que mesmo porções pequenas — entre 0,6 g e 57 g por dia — podem provocar aumento mínimo de 11% no risco de diabetes tipo 2. No caso do câncer de intestino, o risco sobe em pelo menos 7% com consumo diário entre 0,78 g e 55 g.

Os pesquisadores destacaram no artigo que, “os aumentos uniformes no risco à saúde com o aumento do consumo de carne processada sugerem que não há uma quantidade ‘segura’ de consumo no que diz respeito ao risco de diabetes ou câncer de intestino”. Eles alertam que as estimativas utilizadas são conservadoras e o risco real pode ser ainda mais elevado.

Classificação dos alimentos segundo a USP

O conceito de alimentos ultraprocessados foi criado por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e classifica os alimentos em quatro grupos:

  • Grupo 1: in natura ou minimamente processados, como frutas, ovos, leite, carnes frescas, arroz e feijão

  • Grupo 2: ingredientes culinários processados, como sal, açúcar e óleos

  • Grupo 3: alimentos processados, como queijos, pães simples, conservas e compotas

  • Grupo 4: alimentos ultraprocessados, como refrigerantes, biscoitos recheados, salgadinhos, doces industrializados, embutidos e macarrão instantâneo

Outros ultraprocessados também causam danos

Além das carnes, o estudo também revelou que outras categorias de ultraprocessados afetam diretamente a saúde. O consumo diário de bebidas açucaradas, como refrigerantes, aumentou em 8% o risco de diabetes e 2% de doenças cardíacas. A porção avaliada variava de 1,5 g a 390 g, equivalente a uma lata de 350 ml de refrigerante.

Já alimentos com gorduras trans elevaram o risco de doença isquêmica do coração em 3%, considerando ingestões entre 0,25% e 2,56% das calorias diárias.

Com base nessas evidências, os autores recomendam mudanças nas diretrizes nutricionais. “Com base em nossas descobertas, as diretrizes alimentares devem destacar os potenciais riscos à saúde associados ao consumo mesmo de pequenas quantidades de carne processada”, afirmam os pesquisadores.

Prevenção passa por alimentação natural

Especialistas recomendam uma alimentação baseada em alimentos in natura ou minimamente processados como forma de prevenção de doenças crônicas. O equilíbrio nutricional, com a redução do consumo de produtos industrializados e a preferência por alimentos frescos, é apontado como uma das estratégias mais eficazes para promover qualidade de vida e bem-estar.

A população pode buscar orientações nutricionais gratuitas nas unidades de saúde da rede pública por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). Nutricionistas e profissionais de saúde orientam sobre dietas saudáveis, redução de sódio, açúcares e gorduras, especialmente para grupos em risco como diabéticos, hipertensos e pessoas com histórico de câncer na família.