A gastrite, inflamação da mucosa do estômago, é uma condição que pode causar desde desconforto abdominal, enjoo e perda de apetite até quadros mais graves, como vômito com sangue e fezes escurecidas. Embora a alimentação não seja a causa direta da doença, especialistas alertam que os hábitos alimentares têm papel central no controle dos sintomas e na prevenção de crises.

Para o nutricionista Henrique Gouveia, professor do curso de Nutrição da Uninassau Olinda, a forma como se come influencia diretamente na saúde do estômago. Ele afirma que uma dieta desequilibrada pode agravar o quadro clínico da gastrite, mesmo que não seja sua origem.

“Uma dieta desequilibrada não é, por si só, a origem da gastrite, mas pode ser um fator decisivo no agravamento dos sintomas. Por isso, ajustar a refeição é parte essencial do cuidado com o estômago”, explicou.

O que evitar para reduzir crises de gastrite

Entre os itens que devem ser retirados do cardápio, o especialista aponta o álcool, o café em excesso, bebidas gaseificadas, frutas cítricas como laranja e abacaxi, e alimentos gordurosos ou picantes, como hambúrgueres, bacon, embutidos e frituras.

Também merecem atenção as sobremesas industrializadas, como bolos, tortas, chocolates e sorvetes. Esses alimentos possuem altas concentrações de gordura e açúcar, o que aumenta a irritação da mucosa gástrica. O uso de temperos industrializados, como cebola e alho em pó, curry, mostarda e pimenta, deve ser evitado, pois eles também podem agravar a inflamação.

Alimentos recomendados durante e fora das crises

Em momentos de crise, o ideal é seguir uma dieta leve, com alimentos de fácil digestão. Proteínas magras, frutas menos ácidas, vegetais cozidos e grãos integrais são as principais recomendações. O cuidado, porém, deve ir além do alívio imediato.

“Se a pessoa ainda não segue essas orientações fora das crises, é essencial que comece a mudar seus hábitos alimentares. Isso é fundamental para evitar novas crises e proteger o estômago a longo prazo”, destacou Gouveia.

A inclusão de frutas, vegetais, leguminosas, ovos, azeite de oliva, carnes magras e pequenas porções de carne vermelha é recomendada. Além disso, especiarias naturais, como gengibre, cúrcuma, orégano e manjericão, podem ajudar na redução dos sintomas, por terem propriedades anti-inflamatórias.

Hábitos alimentares também impactam a saúde gástrica

A rotina das refeições também tem papel relevante no controle da gastrite. O nutricionista sugere a adoção de pequenas porções distribuídas ao longo do dia, sem períodos longos de jejum. Evitar deitar-se logo após as refeições e dar preferência a preparações caseiras com alimentos minimamente processados também são atitudes recomendadas.

Além da alimentação, o uso de medicamentos deve ser feito com acompanhamento médico. Gouveia ressalta que o tratamento exclusivo com remédios, sem mudança de hábitos alimentares, pode comprometer a eficácia da recuperação.

Embora o uso de antiácidos, protetores gástricos ou antibióticos seja necessário em muitos casos, principalmente quando há infecção pela Helicobacter pylori, o nutricionista reforça que a recuperação completa depende da mudança no estilo de vida. A alimentação adequada, aliada ao tratamento médico, é essencial para a proteção e regeneração da mucosa estomacal.