Quatro padrões indicam Alzheimer precoce
Novo estudo mapeia trajetórias da doença
Por: Ana Beatriz Fernandez Martinez
17/07/2025 • 11:00
Pesquisadores da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA) identificaram quatro trajetórias distintas que podem levar ao desenvolvimento da doença de Alzheimer. A descoberta, publicada na revista eBioMedicine, surgiu após a análise de mais de 24 mil prontuários médicos eletrônicos, revelando como a condição se forma ao longo do tempo — não apenas por fatores isolados, mas por sequências de eventos clínicos interligados.
O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa progressiva que afeta a memória, a linguagem, a orientação e outras funções cognitivas. Ainda não se conhece sua causa exata, mas há fortes indícios de influência genética. É o tipo mais comum de demência em idosos, representando mais da metade dos casos no Brasil, segundo o Ministério da Saúde.
Entre os sintomas iniciais mais frequentes está a perda de memória recente. Com o avanço, surgem dificuldades para lembrar fatos antigos, confusão com tempo e espaço, alterações na fala, irritabilidade e mudanças comportamentais.
A equipe da UCLA, utilizando ferramentas como aprendizado de máquina e análise de rede temporal, conseguiu identificar quatro perfis clínicos distintos que antecedem o diagnóstico de Alzheimer:
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Via da saúde mental – início com transtornos como depressão e ansiedade, que precedem o declínio cognitivo.
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Via da encefalopatia – disfunções cerebrais cumulativas ao longo do tempo.
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Comprometimento cognitivo leve (CCL) – surgimento gradual de esquecimentos e confusões.
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Via vascular – presença de doenças cardiovasculares que elevam o risco de demência.
Os pesquisadores observaram que essas rotas têm características clínicas e demográficas distintas, o que sugere que certos grupos populacionais podem ser mais propensos a determinadas formas de progressão.
Em 26% dos casos, foi possível mapear uma sequência clara de eventos clínicos. Um exemplo comum foi a combinação de hipertensão seguida por depressão, aumentando consideravelmente a probabilidade de Alzheimer.
Segundo o neurologista Timothy Chang, autor sênior do estudo, “reconhecer padrões sequenciais, e não apenas diagnósticos isolados, pode melhorar muito o rastreio da doença.”
A validação do estudo foi feita com dados do programa All of Us, base nacional representativa dos Estados Unidos, garantindo a abrangência dos resultados em diferentes perfis populacionais. Foram identificadas 6.794 trajetórias únicas até o Alzheimer, com base em 5.762 pacientes.
As descobertas prometem transformar a abordagem médica, permitindo a estratificação de risco mais precisa e intervenções personalizadas. Com esse conhecimento, torna-se possível interromper ou retardar a progressão da doença, ainda nos estágios iniciais.
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